O tribunal português condenou Adélia Barros, 59 anos, a oito meses de prisão num caso de racismo contra Titi e Bless, filhos dos atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso. O caso aconteceu em julho de 2022, quando a família estava de férias no país europeu. A sentença foi reconhecida esta sexta-feira, 15, pelo Tribunal de Almada, segundo o jornal Público.
Adélia cumprirá pena em liberdade, desde que não haja reincidência do crime durante quatro anos. Além disso, foi condenado o pagamento de multa de 2,5 mil euros (cerca de R$ 15,3 mil) à organização SOS Racismo e indenização de 14 mil euros (R$ 85,7 mil) às crianças.
Em postagem conjunta no Instagram, Giovanna e Bruno comemoraram a condenação. “Há quase três meses comemoramos uma vitória contra o racismo no Brasil. E hoje, direto de Salvador, neste mês que nos pede para tomarmos consciência da herança escravagista que herdamos, voltamos para propagar mais uma vitória contra o racismo, desta vez em Portugal “, escreveram eles.
A postagem faz referência a outro caso de racismo enfrentado pela família. Em agosto deste ano, a Justiça Federal do Rio de Janeiro anunciou a condenação da socialite Day McCarthy, que fez declarações racistas contra Titi em 2017, quando a filha do casal tinha apenas quatro anos. Day foi condenado a 8 anos, 9 meses e 13 dias de prisão fechada.
O texto continua: “Como já falamos, mas precisamos repetir: sabemos que essa vitória acontece porque temos visibilidade e porque somos brancos. Sabemos que somos ouvidos mais do que qualquer mãe ou pai negro que ainda é silenciados. Nós sabemos. E não podemos parar – especialmente se nosso privilégio faz a diferença em uma luta. Esse é o nosso papel, esse é o papel da branquitude.
“O racismo não dá férias, mas hoje parece dar tréguas com mais uma convicção histórica. Esta é a primeira vez que a lei portuguesa condena uma pessoa em consequência do racismo. foi condenado a oito meses de prisão (…). Mais uma vez estamos emocionados, mais uma vez agradecemos a comoção pública e a imprensa brasileira e os nossos amigos portugueses e mais uma vez devemos dizer que precisamos permanecer vigilantes porque o racismo continua, continua diminuindo, ferindo, matando e não podemos enfraquecer diante dele”, finalizaram Giovanna e Bruno.
Lembre-se do caso
No episódio de racismo ocorrido no dia 30 de julho de 2022, o casal de atores estava com os filhos num restaurante quando Adélia Barros insultou as crianças e uma família de turistas angolanos que ali se encontravam, chamando-os de “negros imundos”.
Na época, um vídeo que mostrava Giovanna confrontando a mulher viralizou nas redes sociais e a família recebeu mensagens de apoio.
A assessoria de imprensa do casal divulgou então um comunicado oficial, detalhando o ocorrido: “Uma mulher branca, que passava em frente ao restaurante, xingou deliberadamente não só Titi e Bless, mas também uma família de turistas angolanos que estavam no local – por volta de 15 negros, o criminoso pediu que saíssem do restaurante e voltassem para a África, entre outros absurdos proferidos às crianças, como ‘negros imundos’, que Giovanna reagiu e confrontou a mulher, enquanto Bruno Gagliasso, seu marido,. chamou a polícia”, dizia o texto.
Os atores chamaram a polícia e a mulher foi presa. Foi detida, no entanto, por insultar a polícia da Guarda Nacional Republicana (GNR), mas foi posteriormente libertada. Giovanna e Bruno prestaram queixa formal na delegacia portuguesa.
Ao longo do julgamento, a defesa argumentou que Adélia estava bêbada na época e não se lembrava de nada.
No dia seguinte, os atores concederam entrevista ao Fantástico, na qual refletiram sobre a dificuldade dos negros em se defenderem dos brancos. “Acho que ela nunca esperou que uma mulher branca brigasse com ela como eu fiz, daquela forma. Eu sei que, como mulher branca, indo lá para confrontá-la, meu discurso será validado. sai como uma louca, a brava, como acontece com tantas outras mães negras, que são leoas todos os dias, assim como eu fui nesse episódio”, observou Giovanna.
Ela disse que era muito cruel pensar que Titi e Bless, então com 9 e 7 anos, já precisavam “estar preparados para combater o racismo”. “São duas crianças que teriam que viver sem pensar em absolutamente nada”, acrescentou.
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