A agressão de Primeira-dama Rosângela da Silva, Janjapara o empresário Elon Musk poderá impactar negativamente as relações do Brasil com o futuro governo do Donald Trumprecentemente eleito para um segundo mandato presidencial nos Estados Unidos, avaliam diplomatas e especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
A primeira-dama xingou Musk, dono da rede social G20 — grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana.
O discurso de Janja ocorreu após um som mais alto no ambiente chamar a atenção, aparentemente a buzina de um navio, vindo da costa próximo ao local do debate. Ao se assustar com o barulho, a primeira-dama se agacha e brinca que foi algo causado pelo empresário.
“Acho que é Elon Musk”, disse ele, curvando-se. “Não tenho medo de você, mesmo… Foda-se, Elon Musk!”, completou, gerando risadas na plateia.
Apesar de ser uma brincadeira, a ofensa provocou rápida reação de Musk e do próprio presidente. Luiz Inácio Lula da Silva.
O dono do X reagiu a uma postagem com um vídeo do discurso de Janja na sua rede social com emojis risonhos seguidos da frase: “Vão perder a próxima eleição”.
Ele também compartilhou outro registro da ofensa postado pelo deputado Bolsonaro Nikolas Ferreira (PL-MG), acompanhado da sigla haha, que significa “rir alto”, ou “rir muito alto” em português.
Já Lula repudiou insultos aos adversários ao discursar na noite de sábado, no encerramento do Festival Aliança Global, organizado por Janja, dentro da programação do G20.
“Queria dizer que esta é uma campanha em que não temos que ofender ninguém. Não temos que insultar ninguém. Deveríamos apenas indignar a sociedade”, disse o presidente, ao falar sobre a necessidade de mais combate ações contra a fome no mundo.
Musk, que apoiou fortemente a campanha de Trump, foi anunciado como membro do futuro governo. Ele trabalhará em um novo Departamento de Eficiência Governamental, com o objetivo de “desmantelar a burocracia governamental”, impulsionar “reformas estruturais em grande escala” e cortar gastos.
Diplomatas brasileiros ouvidos pela reportagem avaliam que a fala de Janja não contribui para a estratégia de buscar um relacionamento pragmático com o governo Trump. Segundo essas fontes do Itamaraty, o Brasil estará em melhor posição se não discutir com a nova gestão americana.
Os especialistas entrevistados têm uma opinião semelhante. Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Dawisson Belém Lopes, a afirmação vai na contramão do esforço da diplomacia brasileira em “desdramatizar a agenda de política externa brasileira”.
Ele lembra que, antes da vitória de Trump, Lula já havia feito declarações inapropriadas, ao afirmar que apoiava a candidata democrata Kamala Harris, e ainda apontou Trump como exemplo de “fascismo e nazismo voltando a trabalhar com uma cara diferente” no mundo.
“Tanto o discurso de Lula às vésperas da eleição sobre o suposto caráter nazista da candidatura de Donald Trump, quanto o discurso de Janja insultando Elon Musk é algo ruim, gratuito, que não ajuda em nada e cria mais sombras, mais desconfiança, onde um sólido a relação não existe mais propriamente”, critica.
“É claro que isso é pequeno no grande esquema das coisas. Não creio que seja decisivo de forma alguma, mas certamente não contribui [para construir uma relação melhor]”, destacou.
Mestre em direito internacional pela USP e consultor em Direitos Humanos, o advogado Victor Del Vecchio destaca que uma das características do governo Trump é a imprevisibilidade, tendendo a posições mais ideológicas do que pragmáticas.
“Ao insultar Elon Musk, um de seus aliados de primeira viagem, Janja chama a atenção do futuro presidente e tensiona ainda mais uma relação que precisa muito mais de harmonia para os interesses brasileiros do que americanos. respondeu à denúncia por mensagem.
“As relações comerciais e políticas entre os países são construídas, sobretudo, através da diplomacia, que por sua vez é, em grande parte, construída através de gestos. Quando um governante brasileiro em um evento oficial faz tal declaração, que é completamente inapropriada, uma mensagem muita coisa negativa é repassada e os canais de diálogo podem ser afetados”, disse ainda.
Para Del Vecchio, o discurso de Janja poderia “destacar diferenças” entre os governos Lula e Trump e dificultar os esforços do governo brasileiro para buscar consenso sobre questões importantes, como “a reforma da governança global (com o fortalecimento dos espaços multilaterais e a reforma no Conselho de Segurança da ONU). , por exemplo), avançar na regulação do ambiente digital, na construção da paz no Médio Oriente, na tributação de grandes fortunas, no combate à crise climática e numa maior integração das cadeias de abastecimento globais.”
tentando cumprir as decisões e pagar as multas impostas pelo ministro.
As polêmicas de Musk no Brasil
A ofensa de Janja ocorre num contexto de embates entre Musk e autoridades brasileiras, especialmente com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes
As tensões começaram no ano passado, quando o ministro, relator dos inquéritos sobre fake news no Brasil, determinou a suspensão das contas nas redes sociais de diversas pessoas ligadas aos atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília, quando bolsonaristas vandalizaram a sede dos Três Poderes.
Outras plataformas cumpriram decisões judiciais, mas X não cumpriu as ordens. A empresa veio a público em abril deste ano com críticas ao STF, que acusou de censura.
As tensões cresceram com trocas de farpas entre Alexandre de Moraes e o bilionário Elon Musk e culminaram na suspensão da operação da plataforma no Brasil no final de agosto.
OX voltou online no início de outubro depois que Musk desistiu, ás
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