Mulheres com histórico de endometriose e miomas uterinos podem ter um risco aumentado de morte prematura a longo prazo, de acordo com um estudo publicado na revista O Jornal Médico Britânico. Embora a pesquisa seja observacional — não estabelece relação direta de causa e efeito — os autores destacam a necessidade de identificação precoce das duas condições e monitoramento contínuo.
Endometriose e miomas uterinos são distúrbios comuns entre mulheres em idade reprodutiva. A primeira ocorre quando tecido semelhante ao revestimento uterino cresce em outros locais, como ovários e trompas de falópio. Miomas são tumores não cancerosos dentro ou ao redor do útero.
Os investigadores, da Universidade de Xangai, na China, utilizaram dados de 110.091 mulheres que participaram no Estudo de Saúde das Enfermeiras Norte-Americanas. Elas tinham entre 25 e 42 anos em 1989 e não haviam sido diagnosticadas com endometriose, miomas, doenças cardiovasculares ou câncer. A partir de 1993 e a cada dois anos desde então, voluntárias relataram qualquer detecção de endometriose ou mioma, confirmada por exames.
Em três décadas de monitoramento. Durante 30 anos de monitoramento, foram registradas 4.356 mortes prematuras (antes dos 70 anos), sendo 1.459 por câncer, 304 por doenças cardiovasculares e 90 por doenças respiratórias. No geral, a taxa de mortalidade prematura por todas as causas para mulheres com e sem endometriose confirmada foi de 2 e 1,4 por 1.000 pessoas-ano, respectivamente. “Essas condições também foram associadas a um risco aumentado de morte devido a cânceres ginecológicos”, escreveram os autores.
Orientação
“Nunca é demais reforçar a importância de buscar atendimento e orientação de um ginecologista de confiança aos primeiros sinais”, afirma Patrick Bellelis, especialista em endometriose e colaborador do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. “Dessa forma, o quadro poderá ser investigado e, se for o caso, a mulher poderá receber tratamento o mais rápido possível. O diagnóstico precoce é o maior aliado da mulher, pois evita que a doença atinja níveis mais graves e afete outras áreas da vida além da fisiológica”, reforça Bellelis.
O médico destaca os principais sintomas que podem estar associados à endometriose: dor menstrual intensa, dor pélvica crônica, dor durante a relação sexual, dor urinária e/ou sangramento durante o ciclo menstrual, dor intestinal e/ou sangramento durante o ciclo menstrual e dificuldade engravidar. “Ao reconhecer os sintomas comuns da endometriose, a mulher pode procurar ajuda médica adequada e assim iniciar um tratamento personalizado”, afirma Bellelis. “O plano de ação pode incluir medicamentos, terapias hormonais, fisioterapia e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas”, afirma.
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