Pesquisa liderada pelo Instituto Tecnológico Vale (ITV), no Brasil, identificou 20 espécies-chave, entre plantas e polinizadores, com grande potencial para restaurar ecossistemas amazônicos. O estudo, que propõe uma abordagem inovadora para a restauração ambiental, destaca a importância das interações ecológicas para a recuperação da natureza.
Publicado na revista Ecologia da Restauraçãoo estudo mapeou 10 espécies de abelhas e 10 espécies de plantas que desempenham papel crucial na recuperação da Amazônia Oriental. A pesquisa envolveu o ITV, o Museu Paraense Emílio Goeldi e as universidades federais do Pará (UFPA) e de Minas Gerais (UFMG).
Entre as plantas destacadas estão o urucum (Bixa earellana), a praia muricí (Estipulacea de Byrsonima) e o fedor gigante (Senna alata). Das abelhas, o uruçu de boca rendada (Melipona semigra), a abelha borá (Tetragona clavipes) e jataí (Tetragonisca angustula) provou ser mais eficiente.
O trabalho avaliou interações entre polinizadores e plantas em diferentes estágios de recuperação na Floresta Nacional de Carajás, no Pará, área que também abriga um dos maiores projetos de extração mineral do mundo, com destaque para a mineração de ferro e areia. Entre 2018 e 2019, os pesquisadores coletaram dados sobre polinizadores em locais de restauração e em regiões de floresta primária.
No total, foram registradas 118 espécies de plantas, 137 espécies de abelhas e 51 espécies de vespas. Desse total, apenas cinco espécies de abelhas e 12 espécies de plantas foram responsáveis por mais da metade das interações observadas. O estudo selecionou aqueles com maior potencial para as etapas iniciais de restauração, priorizando polinizadores que interagem com maior diversidade de espécies.
Para Rafael Cabral Borges, pesquisador do ITV e principal autor do estudo, o trabalho propõe uma mudança de abordagem para a recuperação de ecossistemas. “O processo de restauração é essencial para a conservação da biodiversidade a longo prazo, mas este processo também pode estar ligado à geração de renda, através do uso de abelhas nativas que geram produtos apícolas e renda, ao mesmo tempo que apoiam o processo de restauração”, disse o cientista ao Correspondência.
A pesquisa também considerou características das espécies que facilitam o manejo durante a restauração, como plantas que se reproduzem por sementes e abelhas que nidificam em cavidades. Essas informações podem auxiliar na tomada de decisões e no uso mais eficiente dos recursos. Borges concluiu que os resultados do estudo são úteis para os mais diversos projetos, beneficiando pequenos agricultores e grandes empresas que precisam atuar com base no conhecimento científico.
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