Da lista de 35 indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito na investigação dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, 25 são militares da ativa e da reserva. Entre eles estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (capitão reformado do Exército), seis generais do Exército e um almirante da Marinha. O inquérito foi apresentado ontem ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que preside o processo dos atos golpistas.
Apenas a Aeronáutica ficou de fora da lista da PF. São 24 oficiais do Exército e apenas um da Marinha —o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, apontado nas investigações como o único das Três Forças a apoiar o golpe que estava sendo tramado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para a PF, os seis generais indiciados tinham participação comprovada na trama golpista. Walter Souza Braga Netto foi ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Bolsonaro nas eleições de 2022. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira foi comandante do Exército no governo anterior. Augusto Heleno Ribeiro Pereira ocupou o cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Um dos presos na Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça pela PF, Mario Fernandes era secretário-executivo (uma espécie de vice-ministro) da Secretaria-Geral da Presidência, suspeito de participar do planejamento da operação que pretendia assassinar o presidente Lula , o vice Geraldo Alckmin e o próprio Alexandre de Moraes. De acordo com pedido de prisão preventiva feito ao STF na semana passada, a PF classifica o general Mário Fernandes como um “garoto negro” (que serviu nas Forças Especiais do Exército) com “perfil radical, com registros de intenções antidemocráticas antes mesmo os resultados das eleições presidenciais de 2022″.
Também foram indiciados os generais Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército; e Nilton Diniz Rodrigues, comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, no Amazonas. Oliveira prestou depoimento à PF em março, após ser revelado que ele se reuniu com o então presidente Bolsonaro no dia 9 de dezembro de 2022. Porém, o general disse que não foi discutida nenhuma ação para impedir a posse do então presidente eleito Lula. .
Aparelho público-militar
Nilton Rodrigues, por sua vez, prestou depoimento à PF no início deste mês, após descobrir que o principal denunciante do esquema golpista, o tenente Mauro Cid, havia apagado áudio de seu celular. O nome do comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva foi citado em algumas das conversas recuperadas pelos investigadores.
O inquérito policial aponta que “as investigações identificaram indícios de que na ação foi utilizado um aparato público-militar (que pretendia prender o ministro Alexandre de Moraes), citando, nesse sentido, pelo menos uma viatura oficial do Batalhão de Ações de Comandos”. .
Na linha inferior da cadeia de comando, foram indiciados os coronéis Alexandre Castilho Bitencourt da Silva e Anderson Lima de Moura, Carlos Giovani Delevati Pasini — apontados como coautores do documento golpista Carta ao comandante do Exército dos oficiais superiores da ativa e do Exército brasileiro Exército; além de Bernardo Romão Correa Netto, Cleverson Ney Magalhães, Fabrício Moreira de Bastos, Laercio Vergililo, Marcelo Costa Câmara (ex-assessor especial de Jair Bolsonaro na Presidência).
Também estão na lista de indiciados os tenentes-coronéis Mauro Cesar Barbosa Cid (principal denunciante da trama golpista) e Guilherme Marques de Almeida e Hélio Ferreira Lima; e os majores Angelo Martins Denicoli (que ocupou cargo de gestão no Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello); Rafael Martins de Oliveira (integrante do grupo ‘kids pretos’) e Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros.
O capitão reformado Ailton Gonçalves Moraes Barros é suspeito de intermediar a inserção ilegal de dados nas carteiras de vacinação das autoridades. Também foi indiciado o subtenente Giancarlo Gomes Rodrigues, apontado pelas investigações como um dos responsáveis pelo monitoramento clandestino de adversários políticos do governo Bolsonaro.
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