Conseguir uma linha de financiamento que atenda às necessidades do dia a dia é um dos principais desafios que os pequenos produtores rurais enfrentam no início. Apesar de existir uma série de programas de crédito para esse segmento em todo o Brasil, apenas 15% dos agricultores familiares têm acesso a algum tipo de crédito rural no país, segundo dados da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Diante desse cenário, as instituições financeiras e o governo federal lançaram recentemente produtos voltados para esse público, que precisa buscar o plano que melhor atenda às necessidades do seu negócio.
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Em outubro, o governo anunciou uma nova linha de microcrédito específica para a agricultura familiar. A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) e, só neste ano, promete agregar R$ 300 milhões em recursos financeiros por meio da Caixa Econômica Federal para produtores das regiões Norte e Centro-Oeste, inicialmente.
Em entrevista com CorrespondênciaO diretor de produtos de varejo da Caixa, Luiz Francisco de Barros, disse que, para 2025, o governo trabalha com uma meta de investimento de R$ 2 bilhões e acrescentou que pode haver uma expansão da oferta de microcrédito deste programa para outras regiões. “Temos um plano muito ambicioso para atuar neste mercado”, destacou.
Além da contribuição anunciada no mês passado, o governo também oferece outras modalidades de crédito rural para pequenos produtores, como o Pronaf-B, voltado também para pescadores artesanais, extrativistas, quilombolas, indígenas e povos e comunidades tradicionais que comprovem rendimento bruto anual renda de até R$ 50 mil. Para todas as categorias são cobradas taxas de juros de 0,5% ao ano.
No Brasil, existem 3,9 milhões de propriedades dedicadas à agricultura familiar, o que representa 77% de todos os estabelecimentos agropecuários, além de responder por 23% de todo o valor bruto da produção agrícola do país. Dados do Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2023, divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A maioria dos agricultores familiares está no Nordeste, que concentra 46,6% dos mais de 10 milhões de trabalhadores nesta atividade. Nesse contexto, o Banco do Nordeste (BNB), controlado quase integralmente pelo governo federal, também atua no segmento, com o programa Agroamigo, que concede empréstimos a juros baixos de até R$ 15 mil, dependendo do modelo de negócio. .
Recentemente, o BNB também lançou o Agroamigo Mais, que permite empréstimos em valores maiores, para compra de máquinas, por exemplo, além daqueles voltados para públicos mais específicos, como Agroamigo Jovem e Agroamigo Mulher. “O banco tem buscado formas de possibilitar melhorias, justamente pensando nessa transformação social, ou seja, melhoria da renda das pessoas, melhor desenvolvimento da região”, explica o Diretor de Negócios do Banco do Nordeste (BNB), Luiz Abel.
Um dos maiores problemas dos produtores da região Nordeste é a seca, que historicamente causa efeitos negativos na produção e dificulta a irrigação das culturas, principalmente no semiárido nordestino. Luiz Abel, que também é mestre em economia pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP), explica que a adaptação a eventos climáticos extremos é fundamental.
“Precisamos aprender a conviver com a região do jeito que ela convive. Sabemos que tem um problema hídrico. Então, tenho que aproveitar muito melhor o calor para que possamos ser mais eficientes com essa água, seja através de uma melhor irrigação, um mecanismo que desperdice menos água, para que possamos produzir o máximo com a quantidade que temos”, avalia.
Além dos programas oferecidos pelo governo e pelos bancos públicos, o microcrédito também é uma opção de financiamento oferecida por instituições privadas. Rômulo Pereira Santos, 56 anos, produtor de leite e dono de uma fazenda de gado em Unaí, em Minas Gerais, conta que desde que adquiriu uma linha de microcrédito, há 25 anos, por meio do Sistema Brasileiro de Cooperativas de Crédito (Sicoob), a produtividade só aumentou. “Antes tudo era muito mais difícil, tudo dependia de terceiros ou da venda de animais, por exemplo, no final do ano, para você plantar, adquirir novos animais. conseguir produzir”, afirma o produtor, que destacou o crescimento significativo da produção nos últimos anos. “Sem este microcrédito, certamente não estaríamos no nível que estamos.”
Especialista no assunto, o vice-presidente de pequenas e médias empresas da Serasa Experian, Cleber Genero, orienta aos produtores recém-chegados que, antes de adquirir um programa de microcrédito, o pequeno produtor deve ter planejamento. “O produtor pode se planejar para escolher modalidades e condições mais vantajosas para o seu negócio e capacidade de pagamento, ou seja, melhores taxas de juros e prazos.”
O planejamento, explica Genero, também é fundamental para que o pequeno negócio honre os compromissos assumidos e não fique inadimplente. “O crédito é combustível para os negócios e nas pequenas e médias empresas seu valor pode ser potencializado, levando esses empreendedores ao sucesso. Ter opções que facilitem esse acesso é fundamental”, comenta.
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