Duas em cada 10 mulheres foram ameaçadas de morte pelo parceiro ou ex-parceiro. Segundo o Instituto Patrícia Galvão, é possível estimar que quase 17 milhões de mulheres brasileiras viveram ou vivem em risco de feminicídio.
E mesmo para as mulheres que não enfrentaram o perigo direto de serem vítimas de feminicídio, esse tipo de violência está próximo, pois 6 em cada 10 mulheres brasileiras conhecem pelo menos uma mulher que foi ameaçada de morte por um atual ou antigo parceiro.
Os dados são da pesquisa “Medo, ameaça e risco: percepções e experiências de mulheres sobre violência doméstica e feminicídio”divulgado nesta segunda-feira (25/11). A pesquisa foi realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Consulting do Brasil, com apoio do Ministério da Mulher.
A pesquisa revelou ainda que para 9 em cada 10 entrevistados, todos os feminicídios podem ser evitados se a mulher receber proteção do Estado e da sociedade. Porém, a grande maioria das brasileiras entrevistadas considera que não adianta uma mulher ter medida protetiva se o agressor não respeitar essa ordem e nem mesmo a polícia garantir a segurança da vítima.
Ainda neste sentido, 2 em cada 3 mulheres pensam que nada acontece aos homens que cometem violência doméstica. Apenas 20% dos entrevistados acreditam em prender e punir os agressores.
Além disso, a pesquisa mostra que 6 em cada 10 mulheres terminaram o relacionamento quando foram ameaçadas de morte pelo parceiro e 44% das mulheres sentiram muito medo de serem mortas quando passaram por essa situação, sendo que 37% denunciaram à polícia.
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A dependência econômica do agressor foi citada como o principal motivo pelo qual as mulheres que sofrem agressões constantes do marido ou namorado não conseguem sair do relacionamento. Em média, o medo está presente em 46% dos motivos apresentados para a permanência das mulheres em relacionamentos violentos (44% nas mulheres brancas e 49% nas mulheres negras).
“A pesquisa revela que as mulheres acreditam que houve um aumento de casos de feminicídio nos últimos anos e essa percepção se deve principalmente ao sentimento de impunidade e também à descrença em relação à efetividade das políticas públicas de prevenção e responsabilização dos autores dos crimes. esses crimes. As mulheres entrevistadas destacaram que as vítimas de ameaças de parceiros têm muito medo e precisam de apoio do Estado para sair dessas relações violentas e estarem protegidas contra ameaças de morte e do risco real de feminicídio”, afirma Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.
21 dias de ativismo
Na última quarta-feira (20/11), o Ministério da Mulher lançou a campanha “21 dias de ativismo”, com o objetivo de conscientizar e exigir o fim da violência contra a mulher no Brasil. A ação vai até o dia 10 de dezembro.
A iniciativa do governo federal é inspirada na campanha global “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”, realizada no dia 25 de novembro, Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres, até 10 de dezembro — data em que foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi proclamada.
Como denunciar?
Diversas instituições trabalham para combater e prevenir a violência contra as mulheres. Além da atuação da Polícia Militar e da Polícia Civil, há a atuação do Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública, do Ministério da Mulher, além de serviços da rede de atenção e proteção.
- Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher: unidades especializadas da Polícia Civil, que realizam ações de prevenção, proteção e investigação de crimes de violência doméstica e violência sexual contra a mulher, entre outros. Acesse o Contatos das Delegacias de Atendimento Especializado à Mulher;
- Governo Federal: ligue para 180 para denúncias e informações sobre violência doméstica;
- Polícia militar: ligue para 190;
- Ouvidoria Nacional da Mulher do Conselho Nacional de Justiça: (61) 2326-4615;
- Ouvidora da Mulher do Conselho Nacional do Ministério Público: (61) 3315-9476 (WhatsApp).
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