Revelado em Malhação — Viva a diferença, em 2017, as atrizes Daphne Bozaski, 31, e Ana Hikari, 29, tiveram um sucesso estrondoso. A temporada de sucesso, idealizada por Cao Hamburger e dirigida por Paulo Silvestrini, foi premiada com o International Kids Emmy 2018 e é a única do projeto, em 25 anos, que recebeu um spin off, chamado A5 Cinco, reunindo o quinteto de jovens protagonistas para novas histórias em três temporadas no Globoplay —a última estreou este ano. Paralelamente, Daphne e Ana se reencontraram nos estúdios de novela Família é tudo, de Daniel Ortiz, onde atuam como, respectivamente, a menina Lupita e a vilã Mila. Os personagens, porém, desta vez, não são nada amigos. Ao contrário do que revelam as atrizes, na entrevista a seguir:
Qual o maior paralelo que você faz entre sua estreia na Globo, em Malhação, e agora?
Dafne: Em Dar certo, foi uma experiência única, pelo longo período de gravação de um ano. Manter um personagem e acompanhá-lo por todos os capítulos de uma novela é um treinamento incrível para quem deseja seguir a carreira de atriz ou ator de televisão. Essa sensação de fazer parte da história da Globo, da oportunidade de ter/estar interpretando personagens tão lindos e necessários é muito gratificante. Hoje, olhando para trás, vejo o quanto minha vida mudou, principalmente no alcance do meu trabalho ao público, na força de trabalhar na televisão aberta como a Globo e saber que meu trabalho está sendo visto por muitas pessoas em milhares de lugares em Brasil. Conheço pessoas na rua que me dizem: “Te acompanho desde Dar certo“. Ouvir isso reafirma minha trajetória e tenho orgulho de saber que minha arte chegou até aquela pessoa.
ANA: Sou muito grato pela minha carreira no audiovisual desde Malhação: Viva a diferença até Família é tudo. Mesmo tendo começado na televisão lá, ainda sinto que estou apenas no começo da minha jornada. Sei que estou aprendendo algo novo a cada dia, me desafiando cada vez mais a cada cena e personagem. Só neste ano, tenho mais dois personagens diferentes para estrear em outras streams, então, para mim, ainda parece um começo.
Você esperava todo o sucesso desta temporada de Malhação, a ponto de ser o único a gerar um spin off?
Dafne: Quando descobri que o Dar certo Ia ser escrito pelo Cao Hambuguer, eu sabia que uma obra linda estaria a caminho e queria muito fazer parte disso. Ganhamos o Emmy internacional de melhor série infantil. Toda essa repercussão da novela e, graças aos nossos fãs, que fizeram barulho nas redes por uma continuação, pressionaram para que surgisse a ideia do spin off. Funcionou muito bem, fizemos três temporadas lindas para o Globoplay. Mas confesso que nunca imaginei que viveria tanto e tanto tempo com o Benê.
ANA: Eu queria muito que meu primeiro trabalho fosse legal, mas nunca pensei que faria tanto sucesso quanto foi! Como era um projeto que falava de temas super importantes, acreditei que o público iria se envolver e curtir. O projeto mereceu essa visibilidade pelos temas abordados, além da dedicação que demos para fazer essa novela acontecer. Por esse e outros motivos ganhamos um Emmy.
Como é estar em um produto vencedor do Emmy?
Dafne: É um marco na carreira. Saber que nosso trabalho chegou lá e foi selecionado para representar o que há de melhor naquele ano é muito gratificante. Orgulho!
ANA: É uma honra imensa saber que protagonizei um projeto tão importante, que recebeu um dos maiores reconhecimentos do audiovisual. Receber um Emmy é o reconhecimento de que estamos no caminho certo, fazendo bem aquilo que acreditamos. E também é um retorno positivo em relação à certeza de que estamos tratando de assuntos superimportantes e relevantes para o Brasil e para o mundo.
Dafne, Dar certo Isso é Nos tempos do imperador ganhou prêmios de Melhor Atriz. O que você pode comentar sobre esse feito?
Foram dois trabalhos com processos artísticos bem diferentes, acho que o reconhecimento de um prêmio é um reconhecimento de todo o processo de criação e da dedicação que temos com cada personagem que nos é apresentado. Sinto-me muito honrado quando meu trabalho chega a mais pessoas e ganha espaço na crítica artística.
Ana, você ficará para sempre marcada por ser a primeira asiática a estrelar uma produção da Globo. O que isso representa para você?
É uma responsabilidade enorme ter aberto esta porta e sempre abordei este título com muito cuidado, por entender que este espaço que ocupo é importante para ser celebrado, mas também utilizado como palco para questionar ainda mais a falta de representatividade que continua em audiovisual. Fui o primeiro protagonista de uma novela da Globo, mas, depois de mim, não houve outras. E, até então, não tínhamos sequer um protagonista indígena, a população originária do nosso país. Sempre aproveitei a visibilidade dessa conquista para abrir cada vez mais espaço para outras minorias, como a que represento.
Como foi compartilhar a cena com Ana Hikari novamente?
É muito bom estar no palco com alguém com quem tenho cumplicidade e intimidade, tanto profissional como pessoal. Acho que faz toda a diferença quando esse entrosamento acontece fora das câmeras, pois se reflete na tela entre as relações dos personagens. Mesmo que sejam rivais ou amigos, ter intimidade com seu parceiro ou parceira de cena torna o jogo teatral muito mais rico.
Como foi compartilhar a cena com Daphne Bozaski novamente?
Eu realmente amo estar no palco com Daphne. Ela é uma super parceira de cena, absolutamente generosa, divertida, criativa e somos muito amigas. Então é sempre um misto de felicidade, alívio, tranquilidade saber que você tem alguém em quem confia e que tudo o que você precisar estará pronto para dar e receber.
Qual o maior desafio de interpretar um estrangeiro em uma novela?
Dafne: Fazer um sotaque diferente da minha língua materna é muito desafiador. Mas o que acho ainda mais complexo é conseguir trazer a verdade para essa nova forma de falar sem se tornar caricaturado ou usar sempre a mesma entonação em seus discursos. Como na vida modulamos muito a nossa voz e ritmo ao falar, criar um personagem com sotaque traz esse desafio, temos que incorporar o sotaque na nossa embocadura para que seja o mais natural possível para trazer a verdade. Mas depois de muito ensaio e treino e muita pesquisa além do sotaque, mas também do jeito cultural e comportamental desse personagem estrangeiro. É muito divertido viver como uma pessoa muito distante da minha realidade.
Qual o maior desafio de interpretar um vilão pela primeira vez em uma novela?
ANA: Estude todas as suas nuances e entenda suas motivações, mesmo ela sendo eticamente muito distante de mim. Cada cena que faço não posso julgar, porque senão tudo ficará falso na tela. Preciso me exercitar para ter empatia por ela, fazendo com que ela conquiste o público, apesar de todas as maldades que ela faz. Criar um mau personagem com carisma não é simples e estou adorando esse desafio como atriz.
Como você se sente ao encerrar esse ciclo do A5 Five, depois de tantos anos convivendo com esse universo?
Dafne: É um misto de sentimentos, uma alegria finalizar um projeto que foi tão importante na minha vida e carreira, pois sei do privilégio e da oportunidade de vivenciar isso. E ao mesmo tempo, uma angústia de saber que não viverei mais Benê em novas fases da vida dela e da minha. Mas sinto que completamos muito bem esta fase das nossas vidas. Sou muito grato por ter vivenciado o A5 Five em minha carreira!
ANA: Estou eternamente apaixonado e grato pelo A5 Five. Foi um projeto muito bonito e que ficará para sempre na história. Foi um grande processo de amadurecimento para mim, como pessoa e como atriz. Cresci com a Tina e essa terceira temporada foi um grande desafio de atuação, pois ela passa por questões delicadas de dependência química. Por isso, precisei trazer tudo isso com verdade e cuidado. Estudei muito e me esforcei muito em cada cena dessa última temporada e sinto que foi uma linda forma de me despedir desse ciclo. Tenho muito orgulho desse trabalho, mas confesso que não estou me despedindo, pois espero reencontrá-la algum dia.
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