O braço armado do movimento islâmico palestino Hamas disparou vários foguetes contra a cidade israelense de Tel Aviv neste domingo (26/5), num agravamento do conflito que a diplomacia internacional tenta conter com novos esforços para retomar as negociações para uma trégua.
Sirenes de alerta foram ouvidas no centro de Israel pela primeira vez em meses. Pouco depois, as brigadas Ezedin al Qasam, o braço armado do Hamas, anunciaram no Telegram que atacaram Tel Aviv “com uma grande série de foguetes em resposta aos massacres sionistas contra civis”.
O exército israelense disse que pelo menos oito foguetes foram disparados de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde suas forças combatem combatentes islâmicos palestinos. “Alguns foguetes foram interceptados”, disse uma nota militar.
Horas antes, bombardeamentos e fogos de artilharia israelitas atingiram o norte e o centro do território palestiniano, bem como Rafah, uma cidade no extremo sul do território, de onde centenas de milhares de palestinianos foram forçados a fugir.
A Defesa Civil de Gaza disse ter encontrado seis corpos após um ataque aéreo a uma casa no leste de Rafah, onde Israel continua as operações militares, apesar de uma ordem emitida na sexta-feira pelo Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) para o país parar as ações neste setor.
O Hamas também anunciou que tinha feito prisioneiro um soldado israelita numa emboscada no sábado, mas o exército israelita negou qualquer incidente deste tipo.
“Diplomacia de emergência”
Depois de quase oito meses de guerra, aumenta a pressão internacional e interna para que Israel chegue a um acordo com o Hamas que inclua a libertação dos reféns que permanecem sob o controlo do movimento islâmico que governa a Faixa de Gaza desde 2007.
Um alto funcionário disse que o gabinete de guerra israelense agendou uma reunião para domingo à noite, na qual planeja revisar os esforços para libertar os reféns.
Outra fonte disse no sábado que o governo israelense “pretende” retomar as negociações esta semana.
A CIJ, principal órgão judicial da ONU, também exigiu a abertura da passagem fronteiriça entre o Egito e Gaza em Rafah, ponto de entrada de ajuda humanitária que Israel fechou no início do mês, quando iniciou as operações na cidade.
O Egito, que se recusa a reabrir a passagem de Rafah enquanto o lado palestiniano estiver controlado por tropas israelitas, permitiu este domingo a passagem de camiões de ajuda pela passagem israelita de Kerem Shalom, segundo o canal Al Qahera News.
Duzentos camiões saíram do lado egípcio da passagem fronteiriça de Rafah com destino a Kerem Shalom, informou a emissora, próxima do serviço de inteligência egípcio, sem revelar o número exato de camiões que passaram pelos controlos de segurança e entraram em território palestiniano.
O Egito também continua com “esforços para retomar as negociações indiretas” entre Israel e o Hamas, acrescentou o Notícias de Al Qahera.
As negociações indirectas mediadas pelo Qatar, Egipto e Estados Unidos foram interrompidas no início de Maio, com o início das operações terrestres de Israel em Rafah.
A imprensa israelense noticiou que o diretor do Mossad (serviço de inteligência), David Barnea, estabeleceu durante reuniões em Paris com o diretor da CIA, William Burns, e o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman al Thani, um novo marco para as negociações.
O presidente norte-americano, Joe Biden, disse estar “comprometido com a diplomacia de emergência” para tentar alcançar um cessar-fogo e a libertação dos reféns.
Espera-se que autoridades do governo do Catar se reúnam nos próximos dias com uma delegação do Hamas, informou o site de notícias americano Axios.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha afirmou este domingo que reconhecer o Estado da Palestina “é fazer justiça ao povo palestiniano” e “a melhor garantia de segurança para Israel”, numa declaração ao lado do primeiro-ministro palestiniano, Mohamed Mustafa, em Bruxelas.
Depois de elogiar a decisão de Espanha, Noruega e Irlanda de reconhecerem o Estado Palestiniano a partir de 28 de Maio, Mustafa afirmou: “Queremos que todos os países da Europa façam o mesmo”.
Bombardeio intenso
A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos islâmicos mataram mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Os membros do Hamas também sequestraram 252 pessoas. Segundo Israel, 121 permanecem sob o controlo do grupo islâmico em Gaza, dos quais 37 morreram.
Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e iniciou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza, na qual morreram mais de 35.980 palestinianos, a maioria deles civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestiniano, governado pelo movimento islâmico.
No sul, o Exército israelita iniciou operações terrestres em 7 de maio em alguns setores de Rafah, onde afirma ser o último reduto do Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Desde então, quase 800 mil pessoas fugiram da cidade, segundo a ONU, que alerta para uma situação humanitária catastrófica em toda a Faixa de Gaza, com risco de fome e hospitais fora de serviço devido ao cerco de Israel.
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