Por André Vasques* — Os seguros são há muito uma ferramenta essencial para a proteção financeira de indivíduos, famílias e empresas. Sua função é absorver o impacto financeiro de eventos inesperados, como acidentes, doenças ou desastres, preservando o patrimônio e a estabilidade financeira dos segurados. Isso proporciona maior segurança e tranquilidade, evitando que imprevistos comprometam permanentemente suas finanças.
Para a economia como um todo, os seguros também desempenham um papel crucial, facilitando o investimento e a expansão dos negócios em vários setores. Empresas de todos os portes podem investir com mais segurança, sabendo que contam com uma rede de proteção contra perdas. Isto resulta num ambiente mais propício à inovação e ao desenvolvimento económico.
Recentemente, o Brasil deu um passo importante para modernizar e fortalecer este setor com a criação do Marco Legal de Seguros. Este conjunto de normas visa atualizar e melhorar as regras que regem o mercado segurador, adaptando-as às exigências da sociedade atual e aos padrões internacionais. Mas, afinal, o que é esse marco regulatório e por que ele é tão relevante?
Entenda o que é o Marco Legal dos Seguros
A Câmara dos Deputados aprovou recentemente o PL nº 2.597/24, que agora segue para sanção presidencial. Se sancionado, será estabelecido o Marco Legal do Seguro. A lei trata de diversos temas, como a interpretação dos contratos de seguro, prazos de prescrição, recusa, salvamento, entre outros elementos envolvidos numa relação de seguro.
O novo marco regulatório é resultado de uma reforma que busca criar um ambiente mais seguro, transparente e competitivo para o setor de seguros no Brasil. A proposta simplifica regras antigas e, ao mesmo tempo, introduz medidas que aumentam a proteção do consumidor e a clareza nas operações. Esta mudança é essencial para que o mercado se ajuste aos novos tipos de riscos que surgem numa economia globalizada e digital, como os riscos cibernéticos e os impactos das alterações climáticas.
Principais pontos do Regime Jurídico dos Seguros
Prazo de recusa: o prazo para a seguradora recusar uma proposta vai de 15 a 25 dias.
Prazo de prescrição: aumenta para três anos o prazo para que os beneficiários ou terceiros prejudicados exijam da seguradora indenizações, capital, reservas matemáticas e parcelas vencidas de renda temporária ou vitalícia. Nos demais casos, mantém-se o prazo de um ano.
Seguro de vida: revoga o artigo do Código Civil sobre seguro de vida e danos, preservando algumas normas existentes e detalhando outras.
Maior transparência: as novas regras exigem que as seguradoras ofereçam informações claras sobre os produtos e seus respectivos riscos, facilitando o entendimento do consumidor e promovendo maior confiança no setor.
Defesa do consumidor: o marco reforça os direitos dos segurados, como o acesso a informações claras e a resolução de conflitos de forma justa e ágil. A medida busca reduzir reclamações e disputas entre segurados e seguradoras, melhorando a experiência do consumidor.
Estímulo à inovação: com um ambiente regulatório mais moderno, espera-se que as seguradoras desenvolvam produtos mais acessíveis e variados, atendendo às demandas de diferentes perfis de consumidores. Esta inovação é essencial para acompanhar as transformações tecnológicas e as novas necessidades de cobertura.
Adaptação aos padrões internacionais: o marco aproxima o Brasil dos padrões regulatórios globais de seguros, facilitando a integração dos mercados nacional e internacional. Esta adaptação é vital para cumprir os requisitos de estabilidade e previsibilidade exigidos em todo o mundo.
Impactos esperados
O novo quadro jurídico dos seguros não só melhora as condições para os tomadores de seguros, mas também fortalece o sector como um todo, criando um ambiente mais seguro e propício ao desenvolvimento económico. Ao reduzir a burocracia e incentivar a transparência e a inovação, o quadro prepara o setor para os desafios do futuro e oferece maior segurança aos consumidores.
Esse avanço reafirma a importância dos seguros para a economia e para a proteção dos brasileiros, proporcionando uma rede de segurança sólida e confiável para enfrentar os imprevistos da vida.
*Sócio-diretor do Moraes, Vasques & Maciel Advogados Associados
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