O governo federal detalhou, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (28/11), um conjunto de medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddadque prevê economia de até R$ 327 bilhões em gastos públicos até 2030.
Entre as propostas estão alterações no salário mínimo, abono salarial, aposentadoria militar e recursos para educação. Além disso, foi anunciada paralelamente uma reforma da tabela do Imposto de Renda.
As ações, que já vinham sendo discutidas pelo governo há meses, ainda dependem de aprovação do Congresso. O objetivo, segundo Haddad, é cumprir o marco fiscal.
Confira as principais medidas anunciadas:
Salário mínimo
O governo anunciou que limitará a valorização real do salário mínimo à mesma regra do enquadramento. Isto significa que o salário mínimo continuará a subir acima da inflação, mas o crescimento real ficará limitado a 2,5% ao ano.
A regra atual reajusta o piso nacional com a inflação do ano anterior e a variação do PIB de dois anos.
Subsídio Salarial
O governo fixa uma renda de até R$ 2.640 para ter direito ao abono salarial e introduz cláusula para que o valor seja reajustado anualmente pela inflação até atingir 1,5 salário mínimo.
A projeção, segundo o governo, é que isso aconteça em 2035. Atualmente, têm direito ao abono pessoas que ganham até dois salários mínimos (R$ 2.824).
Aposentadoria militar
Alguns benefícios serão eliminados, como transferência de pensões e morte fictícia, o que permite que familiares de militares aposentados continuem recebendo pensão, como se os militares tivessem falecido.
A contribuição dos militares para o Fundo de Saúde também será fixada em 3,5% da remuneração. Além disso, será estabelecida uma idade mínima de aposentadoria para os militares. A idade não foi divulgada pelo governo.
O impacto das medidas que atingem os militares, segundo o governo, gira em torno de R$ 2 bilhões por ano.
Recursos em educação
A partir de 2026, o Pé de Meia, programa que oferece pagamentos mensais e poupança para alunos de baixa renda do ensino médio, será incorporado ao orçamento da Educação. Atualmente, é pago por meio do Fundo Garantidor de Operações (FGO), o que foge às regras do arcabouço fiscal.
Outra medida reserva 20% dos recursos da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para garantir a expansão das escolas de tempo integral.
Imposto de Renda
Paralelamente ao corte de gastos, o governo anunciou alterações na tabela do Imposto de Renda a partir de 2026.
Uma delas é a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2.824 (dois salários mínimos).
Com isso, quem ganha até R$ 7.500 por mês pagará uma tarifa menor.
Para compensar a queda de arrecadação decorrente da medida, que deve ter impacto de R$ 35 bilhões, os contribuintes que têm renda superior a R$ 50 mil por mês passarão a pagar um pouco mais. Será estipulada uma alíquota mínima de 10%.
Além disso, a isenção do Imposto de Renda por motivos de saúde será limitada a quem ganha até R$ 20 mil por mês.
Não haverá alterações nas deduções do Imposto de Renda para despesas de saúde, que continuam permitidas em todas as faixas de renda.
Essas mudanças, segundo Haddad, garantem que a perda estimada de receita de R$ 35 bilhões será compensada.
O Ministro das Finanças destacou que o objetivo da reforma do imposto sobre o rendimento é manter a neutralidade fiscal:
“Não visa aumentar nem reduzir receitas, mas procura justiça fiscal”, declarou.
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