Uma mulher no Reino Unido acabou no hospital pensando que iria morrer, após se automedicar com remédios para perder peso comprado no mercado subterrâneo.
Paige Roberts tem 24 anos. Seu médico a aconselhou a perder peso e ela procurou medicamentos antiobesidade nas redes sociais.
Ela aplicou a si mesma a primeira injeção de um medicamento identificado como semaglutidaum remédio contra diabetes vendido legalmente apenas com receita médica. Roberts logo começou a vomitar e a sentir-se enjoado e tonto.
O Colégio Real de Clínicos Gerais (RCGP) do País de Gales declarou que é muito perigoso comprar medicamentos para perda de peso sem receita médica.
Roberts trabalha como assistente de saúde na cidade de Llandudno, no condado galês de Conwy. Ela não é classificada como obesa e, portanto, não tem direito a receber medicamentos para emagrecer. do SNSo serviço de saúde pública do Reino Unido. Roberts pesa 82 kg e seu índice de massa corporal é 28,5.
O médico aconselhou-a, afirmando que perder peso poderia ajudá-la a menstruar novamente. Sua menstruação parou devido ao inchaço causado por síndrome dos ovários policísticos.
Ela pagou 80 libras (cerca de R$ 605) por quatro seringas completas, com instruções de uso. Roberts injetaria uma seringa por semana durante quatro semanas.
Inicialmente, ela sentiu náuseas. Mas Roberts não estava preocupado, pois era um efeito colateral conhecido. Ela só compareceu ao pronto-socorro 48 horas após a aplicação, pois os vômitos ainda persistiam.
A equipe do Hospital Glan Clwyd (em Bodelwyddan, nordeste do País de Gales) disse a ela que muitas pessoas foram hospitalizadas depois de tomar medicação para perder peso. E Roberts aprendeu que muitos desses medicamentos oferecidos no mercado ilegal são à base de anfetaminas.
“Achei que fosse morrer de desidratação, porque nada parava no meu estômago”, diz ela.
Após testes de função hepática e renal e algum tempo de administração intravenosa, Roberts recebeu alta. Mas ela queria que outras pessoas estivessem cientes dos riscos.
“Influenciadores em plataformas de mídia social como TikTok e Instagram só mostram as coisas boas que acontecem”, segundo ela. “Eles dizem ‘olha como estou lindo’, o que faz você pensar que também pode ser assim.”
Roberts também acha que foi “muito fácil” receber as injeções sem aconselhamento profissional ou receita médica.
O RCGP do País de Gales afirmou que o prevenção e boa nutrição São soluções melhores para perda de peso do que medicamentos. “Comprar medicamentos para emagrecer online, sem receita médica, é muito perigoso”, alerta a organização.
O Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido já havia alertado as pessoas para não comprarem injeções prontas para uso que supostamente continham medicamentos para perder peso. O conselho é consultar um profissional de saúde qualificado para prescrever os medicamentos.
O secretário de Saúde do Reino Unido, Wes Streeting, disse que os medicamentos para perda de peso podem “mudar o jogo” quando tomados em conjunto com exercícios e alimentação saudável. Mas ele alertou contra o uso dos medicamentos sem supervisão médica.
O NHS fornece medicamentos para perda de peso?
Dois medicamentos – semaglutida e tirzepatida – estão disponíveis no mercado, sob as marcas Wegovy e Mounjaro.
A semaglutida também está incluída no medicamento para diabetes Ozempico.
Esses medicamentos são inibidores de apetite e podem ser administrados na forma de injeções semanais no antebraço, coxa ou estômago, com seringas previamente preparadas.
Para obter o medicamento no sistema de saúde público britânico, os pacientes devem sofrer de obesidade e ter pelo menos um problema de saúde pré-existente relacionado ao excesso de peso, como hipertensão.
Pessoas que não são consideradas obesas podem receber o medicamento caso tenham sobrepeso e doenças cardiovasculares.
É proibida a venda de semaglutida sem receita médica, mas os medicamentos podem ser adquiridos de forma particular, em supermercados, farmácias e clínicas particulares, por exemplo. As seringas custam entre 200 e 300 libras (cerca de R$ 1.500 a R$ 2.200).
As injeções são seguras?
Os efeitos colaterais comuns incluem mal-estar, vômito, distensão abdominal, prisão de ventre e diarréia. Há casos relatados de queda de cabelo e, raramente, problemas renais e de vesícula biliar, além de depressão.
Especialistas alertam que as complicações podem ser mais graves no caso do abuso de medicamentos para perder peso rapidamente ou do uso de produtos adquiridos em vendedores ilegais.
Análise da repórter de saúde Jenny Rees, da BBC Wales
A busca por soluções e alívio do desconforto e da dor é algo familiar para muitas pessoas.
Novos produtos, medicamentos e tratamentos sempre criarão agitação se houver sinais de sucesso no alívio dos sintomas entre pessoas que foram devidamente prescritas.
Mas esse alvoroço cria demanda. E onde há procura, surgem oportunidades.
Podemos observar esse fenômeno nas ruas. O mercado está sempre oferecendo “soluções”, em todas as faixas de preço, para qualquer necessidade não atendida do consumidor.
Como resultado, logo surgem produtos falsificados, vendidos no mercado não regulamentado: através das redes sociais e de boca em boca.
Nesse caso, ninguém sabe ao certo o que está comprando, o que realmente está no produto e até que ponto ele é seguro.
Muitos de nós somos tentados pela oferta de grandes promessas. Mas como ouvimos tantas vezes, se algo parece bom demais para ser verdade, provavelmente não é real.
Ao procurar soluções médicas, é sempre melhor buscar a palavra de profissionais médicos.
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