A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anunciou, nesta segunda-feira (27), que apresentou queixa ao Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre os jornalistas palestinos mortos ou feridos na guerra na Faixa de Gaza.
A organização pediu aos promotores judiciais que investigassem supostos crimes de guerra cometidos pelo Exército israelense contra pelo menos nove repórteres palestinos desde 15 de dezembro.
Em Janeiro, o TPI indicou que estava a investigar possíveis crimes contra jornalistas desde o início da guerra entre Israel e o grupo islâmico palestiniano Hamas em Gaza, em 7 de Outubro, na qual morreram mais de 100 comunicadores.
A RSF garantiu que tem “motivos razoáveis para acreditar que alguns destes jornalistas foram deliberadamente assassinados e que os restantes foram vítimas de ataques deliberados das Forças de Defesa de Israel (IDF) contra civis”.
Esta denúncia — a terceira apresentada pela ONG — diz respeito a oito jornalistas palestinianos mortos entre 20 de dezembro de 2023 e 20 de maio de 2024, bem como a outro ferido.
“Todos os jornalistas afetados foram mortos (ou feridos) no exercício da sua profissão”, afirmou a RSF num comunicado.
Antoine Bernard, diretor de defesa e assistência da ONG, enfatizou que “aqueles que matam jornalistas estão atacando o direito do público à informação, que é ainda mais essencial em tempos de conflito”.
Na semana passada, o procurador do TPI, Karim Khan, pediu ao tribunal que emitisse mandados de prisão para líderes israelitas e do Hamas, incluindo o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, por alegados crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Israel negou categoricamente as acusações e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, considerou “desprezível” o estabelecimento de um paralelo entre o Hamas e as autoridades israelitas.
– “Período mais letal para jornalistas” –
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, disse que pelo menos 107 repórteres e trabalhadores da mídia foram mortos durante a guerra em Gaza, o “período mais mortal para jornalistas desde que o CPJ começou a coletar dados em 1992”.
A denúncia da RSF inclui o caso de dois comunicadores palestinos mortos em janeiro enquanto trabalhavam para a rede Al Jazeera. Hamza Wael Dahdouh e Mustafa Thuria, que também contribuíram com vídeos para a Agence France-Presse e outras agências de notícias, morreram “quando se dirigiam para realizar o seu trabalho” para o canal na Faixa de Gaza, informou a rede.
O Exército israelense disse à AFP na época que havia “abatido um terrorista que operava uma aeronave que representava uma ameaça às tropas israelenses”. Acrescentou ainda que estava “ciente da informação de que durante o ataque também foram baleados outros dois suspeitos que estavam no mesmo veículo do terrorista”.
O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando comandos islâmicos mataram mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Os milicianos do Hamas também sequestraram 252 pessoas, das quais Israel afirma que 121 permanecem detidas em Gaza e 37 morreram.
Em resposta ao ataque, Israel lançou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza, na qual 36.050 palestinos, a maioria civis, foram mortos até agora, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.
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