Apesar de alta da Bolsa, dólar fecha novamente acima de R$ 6

O câmbio e a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fecharam o pregão desta quinta-feira (12/05) com sinais trocados. O dólar, apesar de fechar com queda de 0,63%, voltou a ficar acima de R$ 6, cotado a R$ 6,007 para venda. O Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, encerrou com alta de 1,40%, aos 127.857 pontos.

Ao longo do dia, a moeda norte-americana foi negociada abaixo de R$ 6, refletindo positivamente a aprovação do regime emergencial da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacote fiscal do governo, que prevê corte de cerca de R$ 70 bilhões em gastos até 2026, um dia antes, o que permitirá que o assunto seja tramitado mais rapidamente pela Câmara. Porém, a pontuação entre os deputados foi bastante apertada e abaixo de 308 votos – o mínimo necessário para que uma emenda constitucional seja aprovada pelo plenário em dois turnos.

“O mercado reagiu bem ao avanço do pacote de corte de gastos, apesar da urgência da PEC do pacote de cortes ter sido aprovada em votação acirrada. Ele pode ter suas ressalvas, mas entende que esse ajuste fiscal terá que acontecer, principalmente depois que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revisou para cima o Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, para 3%. Isso vai potencializar o reajuste do salário mínimo no próximo ano”, explicou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Na opinião de Eduardo Velho, economista-chefe da Ecuador Investimentos, porém, a volta do dólar ao patamar de R$ 6 reflete que o mercado ainda segue preocupado com o andamento do pacote fiscal. “O que aconteceu ontem no Congresso foi apenas a aprovação do regime emergencial de dois projetos, um que limita o crescimento do salário mínimo e a PEC do pacote, que passou com pouca diferença. Portanto, a aprovação desse ajuste fiscal no plenário ainda não está garantida. Portanto, a melhora foi pequena no mercado interno. Além disso, o dólar está em queda há três dias devido à percepção de menor risco para a economia dos Estados Unidos no próximo ano, com a volta de Donald Trump ao governo”, afirmou.

“Basicamente, o dólar está refletindo que a situação fiscal não está nada definida. A vitória foi muito estreita e ainda depende muito da aprovação de emendas. Portanto, a negociação do pacote fiscal ainda é muito frágil”, acrescentou Velho. Ele lembrou ainda que com a maior perspectiva de inflação, isso aumenta as projeções para as taxas de juros, no curto prazo, e para o custo da dívida pública, e, consequentemente, maior desvalorização do real. “Há uma correlação positiva muito clara entre a dívida pública e a taxa de câmbio e ainda é possível regressar ao domínio fiscal, mesmo quando a eficácia da política monetária perde um pouco o seu poder quando há uma ausência total de choque fiscal”, disse. avisado.

A Bolsa brasileira, por sua vez, operou no azul e atingiu máxima de 127.989 pontos, com alta de 1,51% no dia, principalmente por conta da aprovação da PEC do pacote fiscal, apesar de militares e integrantes do judiciário manifestar-se contra as medidas propostas pelo Executivo. Mas é importante lembrar que, nesta quarta, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que o governo precisará trabalhar e conversar muito para conseguir aprovar o pacote fiscal ainda este ano, antes do recesso parlamentar. . “Vai exigir trabalho, convencimento, diálogo. O Congresso não estará ausente, mas estamos em um momento de grandes turbulências e problemas que não são inerentes à harmonia dos Poderes, na circunscrição do que cada Poder deve fazer”, disse Lira, em evento no site do Jota.

As ações com maiores altas no IBovespa foram as das empresas João Fortes (29,43%), Infracommerce (11,11%) e Oncoclínicas (10,07%), mas sem destacar um segmento específico. No mês, o IBovespa acumulou alta de 1,74%, mas, no ano, segue no vermelho, com perda de 4,72% desde janeiro.

Gustavo Cruz lembrou que as ações da Eletrobras também ajudaram a impulsionar a B3, voltando a negociar novos membros do Conselho de Administração, e acabaram ganhando destaque. “Mas o dia foi ainda mais uma reação ao avanço do pacote fiscal”, frisou.

Bitcoin em evidência

Enquanto isso, o Bitcoin atingiu a marca de US$ 100.000 pela primeira vez. “Essa conquista não só reforça a trajetória de valorização da criptomoeda, mas também a consolida como um dos ativos mais rentáveis ​​da última década até 4 de dezembro de 2024”, destacou Einar Rivero, CEO da consultoria Elos Ayta. Segundo ele, nos últimos 10 anos, a valorização acumulada do Bitcoin em dólares chega a 25.323% em dólares nos últimos dez anos.

Porém, Rivero destacou que há um ativo que alcançou um desempenho ainda mais impressionante no mesmo período: a Nvidia. A gigante dos semicondutores registou uma rentabilidade de 28.763%, destacando-se como líder absoluta. “Este resultado destaca o poder da inovação tecnológica, já que a Nvidia, pioneira em chips gráficos e inteligência artificial, impulsionou profundas transformações em setores que vão desde jogos a data centers e Inteligência Artificial”, acrescentou.