As autoridades francesas estimam milhares de mortes na ilha de Mayotte, um território ultramarino da França atingido pelo ciclone Chido no fim de semana. O fenômeno, que provocou ventos de mais de 225 quilômetros por hora, foi considerado o mais forte a atingir a ilha localizada no Oceano Índico em 90 anos, segundo o serviço meteorológico Meteo France.
Estão sendo realizados trabalhos de busca para procurar sobreviventes e prestar socorro urgente à população. No entanto, os moradores descrevem um estado de extrema destruição, que pode levar a centenas ou milhares de mortes.
O ministro do Interior francês, Bruno Realleu, chegou a Mayotte para supervisionar os esforços de resgate. “Pelo número de vítimas precisaremos de dias”, afirmou ao desembarcar no território.
O representante do governo da ilha, François-Xavier Bieuville, disse que era “extremamente difícil” obter um número preciso de mortos devido à devastação local. Mas ele disse que seria “perto de mil ou mais do que isso”.
As casas foram reduzidas a pilhas de escombros. Eletricidade, água e comunicações foram cortadas no sábado. Linhas de energia e árvores foram derrubadas. O principal hospital da ilha sofreu “danos significativos” nas áreas de cirurgia, reanimação, urgência e maternidade.
“Não sobrou nada. É como se uma bomba atômica tivesse caído sobre Mayotte”, disse Bruno Garcia, proprietário de um hotel na capital da ilha. BFMTVafiliado de CNN.
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Além da dificuldade de localização dos corpos devido à deterioração das condições da ilha, alguns deles poderão nunca ser contabilizados. Isto porque a maioria da população da ilha é muçulmana, cuja religião exige o enterro dos mortos no prazo de 24 horas. Além disso, a ilha tem pelo menos 100 mil habitantes ilegais, que não são visíveis às autoridades.
Um avião de primeiros socorros chegou à ilha no domingo (15/12), com três toneladas de suprimentos médicos, sangue para transfusões e 17 equipes médicas.
Mayotte é a ilha francesa mais pobre e o território mais pobre da União Europeia. Cerca de três quartos da população vive abaixo do limiar da pobreza em França, em casas frágeis com telhados de chapa metálica que oferecem pouca protecção contra tempestades.
O ciclone Chido atravessou o Oceano Índico na sexta e no sábado, atingindo Comores e Madagáscar. No domingo, o fenómeno chegou a Moçambique, onde provocou três mortos. Mais de 2.800 pessoas tiveram de ser realocadas para Pemba, capital da província de Cabo Delgado.
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