O último mês do ano foi agitado em negociações entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Com o prazo apertado para votação do Orçamento de 2025, o desbloqueio das emendas parlamentares pelo Superior Tribunal Federal (STF) desbloqueou as negociações, mas a decisão tomada por Flávio Dino no início de dezembro continua em discussão entre os poderes. Embora tenha liberado os pagamentos, o juiz fez uma série de exigências para garantir a rastreabilidade no processo de alocação de recursos. Segundo ele, a nova regulamentação das transferências, feita pela Lei Complementar nº 210/2024, não é suficiente para garantir a transparência.
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Para tentar mediar a disputa, o governo federal publicou uma Portaria que define diretrizes e libera alterações. Com isso, o Congresso Nacional deve votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na quarta-feira (18/12) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) na quinta-feira (19/12) em um prazo apertado, às vésperas do recesso. parlamentar.
Em meio a tanta disputa, fica a dúvida: as emendas parlamentares são para o bem ou para o mal? Especialistas explicam por que as medidas geram polêmica e quão importantes são para as articulações políticas. E deixam claro: as emendas não podem ser vistas apenas como vilãs ou mocinhas.
Moeda de câmbio
Na decisão, referendada pelo Plenário do STF no dia 3 de dezembro, Dino condiciona a divulgação das alterações da comissão (RP8) e da bancada à identificação dos autores da proposta no portal de transparência. O mesmo vale para a execução dos demais valores das Emendas do Relator (RP9). No caso das chamadas Emendas Pix, o ministro reiterou a obrigatoriedade de aprovação de um plano de trabalho.
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As alterações, segundo os especialistas, são cruciais para o Executivo, pois funcionam como um mecanismo de governação, que está relacionado com a capacidade de governar e implementar as medidas necessárias.
A discussão sobre esse instrumento acontece em uma semana de tensão para o Congresso e o governo federal. Após receber alta hospitalar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para uma reunião sobre projetos considerados prioritários que precisam de aprovação no Legislativo, como o pacote tributário e os regulamentos da reforma tributária.
“Se o governo for muito duro na questão orçamentária, perde margem de manobra dentro da base aliada”, explica a professora Ana Cláudia Farranha Santana, da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (FD-UnB).
Mecanismo constitucional
Segundo o especialista, as emendas parlamentares são um mecanismo importante na descentralização do orçamento do país. “A própria constituição de 1988 já estipulava que o orçamento não fosse tão centralizado no executivo”, explica. “O que acontece ao longo da história é que essa discricionariedade que o Parlamento tem para indicar projetos executivos fica cada vez maior.”
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Segundo o especialista, as alterações começaram a ter um papel mais destacado a partir de 2015, quando foi aprovado o chamado orçamento impositivo. A medida, prevista na Emenda Constitucional 85/2015, torna obrigatória a execução de recursos oriundos de emendas parlamentares individuais.
Para ela, a discussão sobre as alterações serviu para fortalecer a discussão sobre a necessidade de transparência. “A transparência vence, só não vence tudo”, aponta Ana Cláudia.
Tipos de emenda
Dentro da discussão no STF, os ministros analisaram a constitucionalidade, sobretudo, das emendas coletivas. Emendas individuais com finalidade definida ficaram de fora do debate, enquanto emendas especiais de transferência — emendas pix — ficaram no centro do diálogo.
Veja a definição das alterações julgadas pelo Supremo e o que o tribunal decidiu.
TIPO DE ALTERAÇÃO | CONCEITO | DECISÃO DO STF |
Transferências individuais (alterações Pix) |
Alteração cujo repasse é feito diretamente aos estados, municípios ou ao Distrito Federal. Essas alterações não exigem acordo com o governo federal e foram apelidadas de Emendas Pix devido à rapidez na alocação de recursos. |
O STF definiu que as Emendas Pix só poderão ser autorizadas mediante apresentação e aprovação de plano de trabalho pelo Poder Executivo Federal. |
Alterações da Comissão (RP 8) | Alteração apresentada pelas comissões técnicas e comissões gestoras da Câmara e do Senado. |
A transferência poderá ser liberada mediante apresentação de ata com registro detalhado da reunião de proposta de projeto, bem como a identificação dos solicitantes e autores das propostas. |
Emendas de bancada (RP 7) |
De autoria das bancadas estaduais do Congresso Nacional de acordo com as necessidades de cada unidade da federação. |
Aplicam-se as mesmas regras das alterações do RP 8. Decisão prevê auditoria em outubro de 2025 para monitorar o cumprimento das regras em comissões e bancadas. |
Alterações do Relator (RP 9) | Transferências com autoria atribuída ao relator escolhido para produzir o relatório geral do Orçamento no determinado ano. |
O STF autorizou a execução dos saldos não pagos de 2020, 2021 e 2022, desde que o nome do requerente e do destinatário do recurso estejam disponíveis no Portal da Transparência. É vedada a utilização do Relator Orçamentário em substituição ao autor da proposta. |
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