Professor da Universidade de Brasília e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/IBRE), Manoel Pires, um dos palestrantes do CB.Debate — Desafios 2025: o futuro do Brasil na agenda, realizada nesta terça-feira (17/12), destacou a “dicotomia” da economia brasileira. Segundo Pires, o Brasil vive um crescimento econômico significativo, o que cria alguns desequilíbrios fiscais.
“Vivemos um momento de dicotomia na economia brasileira. Quando olhamos para a economia real, temos dados muito bons: o PIB fechará o ano em 3,5%, o desemprego em 6,4%, o menor da série histórica, segundo a PNad contínua, todos com inflação relativamente baixa. Ao mesmo tempo que temos esta gama de dados positivos, também temos alguns indicadores de dados preocupantes. Os juros estão subindo, o câmbio está se desvalorizando muito, e isso vai impactar na inflação e o banco central já está tentando se antecipar”, explica o professor.
Pires argumenta que quanto maior o crescimento econômico, em diversas áreas, maiores são as chances de desequilíbrio do cenário. “O que explica esses dois momentos antagônicos da economia brasileira? Este período que vivemos é de crescimento contínuo. Desde a pandemia, vimos um crescimento de cerca de 3%. Um crescimento muito forte gera alguns desequilíbrios e acaba por se tornar um preditor de uma recessão económica no futuro, ou mesmo de uma crise económica, se esse desequilíbrio for muito forte.”
Segundo Pires, a demanda pós-pandemia foi uma grande ajuda ao desenvolvimento do Brasil. “O mundo depois da pandemia foi mais favorável ao Brasil. A demanda produtiva está aumentando e somos fornecedores de produtos agrícolas, de mineração e de energia sustentável”, afirma.
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Além disso, Pires mostra que reformas em diversos setores também atraíram investidores para o país. “Estamos passando por um ciclo de reformas, de reforma do mercado de trabalho, de privatização do setor de saneamento, de estruturação mais eficiente de projetos de infraestrutura. Isto está a aumentar o retorno sobre o capital, o que aumenta o crescimento económico.”
Por fim, o professor destaca os estímulos fiscais como um dos principais motivos de antagonismo na economia. “Desde a pandemia, realizamos repetidamente estímulos fiscais, ano após ano. A principal fonte de crescimento excessivo que poderia eventualmente gerar um desequilíbrio mais forte é a perpetuação dos estímulos fiscais”, disse ele.
O evento Desafios 2025: o futuro do Brasil na agenda é realizado pela Arena Comunicação, com patrocínio da Brasal e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI); apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); e suporte de comunicação de Correio Braziliense.
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