Anfitrião da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro de 2025, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), falou sobre os preparativos para o encontro, em que os olhos do mundo se voltarão para o país, quando serão debatidos temas como a transição energética, o financiamento climático e a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
“Não queremos ser apenas a sede, queremos ser protagonistas deste debate que será decisivo para o que viveremos em 2025 e também na década seguinte”, disse, no evento Desafios 2025: o futuro do Brasil na agenda.
Segundo Barbalho, a COP deixará um importante legado ambiental, social e de infraestrutura para o estado, com investimento estimado em R$ 5 bilhões. “Mas o legado mais importante é fazer das questões ambientais um hábito, uma atitude que precisa se tornar a marca registrada do nosso país”, afirmou.
Ele destacou que o Pará — “que já foi o maior vilão ambiental” — hoje desempenha um papel importante na redução das emissões de gases de efeito estufa. Em 2023, a Amazônia paraense teve uma redução de 46% no desmatamento em relação a 2022.
O governador mencionou a regulamentação do mercado de carbono e afirmou que a floresta precisa ser vista como parte das soluções econômicas. O estado também está prestes a realizar o primeiro leilão de concessão florestal, forma de gestão florestal pública que permite a uma empresa ou comunidade administrar uma área de forma sustentável, para recuperar áreas ocupadas e desmatadas.
Barbalho também destacou a importância de aliar o meio ambiente ao desenvolvimento social. “Não há solução individual para nenhum estado, para nenhum país, ainda mais com dimensões continentais como o Brasil. Se a política for de um lado e a emergência climática do outro, corremos sério risco de fracassar como políticos”, disse. “Não podemos permitir que as mudanças ambientais sejam um factor de aceleração das desigualdades sociais”.
“Andando de lado”
O diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, Raul Jungmann, argumentou que a COP30 não pode “andar de lado” como as últimas conferências internacionais. Para ele, o evento precisa avançar na definição do financiamento para adaptação climática. Jungmann argumentou que o combate às alterações climáticas é uma questão essencialmente económica, e que não há como discutir a transição ecológica sem recursos materiais, e que este processo envolve necessariamente a exploração de minerais.
“As últimas COPs deram errado”, declarou. “COP é economia. Não há transição se não tivermos os recursos económicos para fazê-la”, acrescentou. Na sua avaliação, o setor privado brasileiro ainda “não entende o que é uma COP” e não sabe aproveitar as oportunidades de negócios que o processo de transição energética oferece.
Para ele, o cenário internacional repleto de conflitos de interesses e guerras é um desafio para a formação de consensos entre os países, sendo pouco provável que haja uma grande mobilização em favor das mudanças climáticas antes que o tema se torne uma crise urgente para todos os países. , tal como ocorreu com a pandemia de covid-19.
“Temos que acreditar que conseguiremos fazer uma COP decisiva dentro da Amazônia, porque não temos mais tempo”, afirmou o presidente do Ibram. Ele defendeu o nome do embaixador André Corrêa do Lago como presidente da COP30. A definição estava prevista para novembro, na COP29, em Baku, mas o anúncio ainda não foi feito.
Provedor de soluções
A secretária nacional para as Alterações Climáticas, Ana Toni, destacou o papel que o país está a assumir nas negociações climáticas. Para ela, a COP30, em Belém, não será apenas um evento, mas parte de um processo maior que o Brasil lidera desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O Brasil está se posicionando como um país que quer e pode liderar uma transformação ecológica”, disse Toni, destacando que o país possui vantagens comparativas que podem ser transformadas em competitivas em um novo modelo de desenvolvimento. Ela lembra que o governo implementou diversos programas, como o Plano Climático, o Plano de Transição Energética e o Plano de Restauração de Ecossistemas, que fortalecem o país como líder na economia de baixo carbono.
Para o secretário — um dos principais interlocutores do governo nos fóruns internacionais — a COP30 é uma oportunidade única para o Brasil mostrar sua liderança no combate às mudanças climáticas, com uma agenda focada em temas como adaptação, transição justa e financiamento. Esses temas já estão na agenda de negociações, mas o Brasil incluirá outros assuntos no debate, como mineração, agricultura regenerativa, indústria de baixo carbono, bioeconomia, desmatamento, povos indígenas e exploração de recursos naturais.
“O Brasil tem uma tradição de participação e mobilização social. Nós vamos, logicamente, querer manter essa tradição brasileira”, disse ela, enfatizando que o país precisa mostrar capacidade para liderar o futuro da economia global, que é mais sustentável e menos dependente de combustível. fósseis.
Os comentários foram feitos no evento Desafios 2025: o futuro do Brasil na agendarealizado pela Arena Comunicação, com patrocínio da Brasal e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI); apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); e suporte de comunicação de Correio Braziliense.
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