A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou, nesta quinta-feira (19/12), nota na qual considera que a recente alta do dólar no mercado nacional, em linha com o aumento da taxa de juros em um ponto percentual em a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, poderá colocar em risco o desenvolvimento econômico do Brasil.
Nesta quinta-feira, o dólar fechou em queda de 2,32%, mas ainda em patamar elevado em relação a novembro, cotado a R$ 6,12. A taxa básica de juros, principal mecanismo do BC para controlar a inflação, subiu para 12,25% ao ano, com perspectiva de dois novos aumentos de um ponto percentual no início de 2025.
Para a CNI, não há justificativa para o nível atual das taxas de câmbio e de juros. A entidade reforçou ainda que existe atualmente um cenário de perspectivas positivas impulsionadas pela aprovação da reforma tributária, pelo avanço do acordo Mercosul e União Europeia e pelos investimentos do programa Nova Indústria Brasil (NIB).
Embora possa beneficiar a competitividade das empresas brasileiras — especialmente as exportações — a CNI destaca que a desvalorização do real frente ao dólar impõe efeitos negativos ao setor produtivo.
“A indústria de transformação, por exemplo, importa 23,7% dos insumos utilizados no processo produtivo, somando-se à relativa indexação dos preços das commodities. Com o dólar mais alto, os custos para essas empresas também sobem, o que pode encarecer os produtos para o consumidor final”, destaca a CNI.
Reação injustificável
Na opinião do presidente da entidade, Ricardo Alban, a avaliação negativa do mercado financeiro sobre o cenário fiscal contraria dados reais sobre o desempenho da economia e o controle da dívida pública. “É hora de buscar maior convergência e coordenação entre os atores para enfrentar esse cenário de instabilidade, que beneficia poucos e prejudica o setor produtivo e o desenvolvimento da nossa sociedade, principalmente com a perda real de poder de compra”, enfatiza Alban.
Para o executivo, o equilíbrio e a responsabilidade fiscal são indiscutíveis e devem ser perseguidos como uma política de Estado e não apenas como uma política governamental. Apesar de reconhecer que o pacote fiscal apresentado pelo governo não prevê medidas suficientes para reduzir a despesa pública, Alban destaca que já é um passo nessa direção. “Cabe a todos os poderes trabalhar no sentido da racionalidade dos gastos públicos, com o apoio da sociedade”, acrescenta.
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