É do passado, do futuro ou de um lugar além da imaginação que Nara Leão sobe ao palco para uma jornada musical que inclui a bossa nova, mas também outros gêneros que fizeram da música brasileira uma das mais conhecidas do mundo. No papel de Zezé Polessa e dirigido por Miguel Falabella, Nara conta um período da história do Brasil ao mesmo tempo em que narra a história de um personagem fundamental e nem sempre conhecido da música brasileira.
A ideia da peça musical em cartaz na Caixa Cultural, a partir de amanhã, começou a ganhar corpo quando Zezé Polessa leu a biografia Ninguém Pode com Nara Leão, de Tom Cardoso. “Foi o primeiro que li e fiquei realmente encantado por essa mulher. Eu realmente entendi aquela personagem, mesmo ela sendo diferente de mim, ela viveu em uma época antes de mim, mas eu me apaixonei, amei aquela mulher “, diz a atriz, que aponta Nara como uma figura que considera pouco conhecida na música brasileira. “Como ela era muito reservada, discreta, mas não inibida, porque as entrevistas dela são maravilhosas. Ela fala com muita facilidade, com muita coragem sobre muitos assuntos, mas ela tinha algo preservado. conheço a Nara que eles vão conhecer no show, acho que é um show revelador não só sobre uma carreira musical, mas sobre a vida de uma mulher moderna.”
Foi durante a pandemia que Miguel Falabella perguntou a Zezé se ela queria montar algo novo. Ela então levantou a ideia de levar Nara ao palco. Depois de ler “cerca de 10 biografias”, ouvir todos os discos gravados pela cantora, assistir entrevistas e shows, a atriz passou as informações ao diretor, que montou um texto poético em que Nara retorna ao palco do teatro vindo de um lugar ou tempo indefinido. Não há organização cronológica na forma como a vida do artista é apresentada. “Esse é o privilégio do teatro, as pessoas voltam, os mortos voltam. Então, ela está morta e volta para falar dela, do tempo que ela viveu. Tudo é possível até eu me misturar, me dissociar disso”, brinca Zezé.
A atriz cresceu ouvindo músicas como Olê olá, A banda e Corcovado na voz de Nara Leão. Na adolescência, chegou a fazer um show na escola como apresentação de fim de ano em que cantava músicas gravadas pela musa da bossa nova. Atraído pela modernidade da cantora, pela forma como ela se relacionava com as questões da época, sejam elas políticas, emocionais, emocionais ou musicais, Zezé ficou admirado pela ligação de Nara com o contexto em que trabalhava e quis levar isso para os palcos. “Ela era uma pessoa muito atual, muito presente, não era uma artista isolada”, afirma.
No palco, o que vemos é o momento inicial do surgimento de Nara Leão. “Nara tem uma vida, embora muito curta, intensa e muito extensa em quantidade e primorosa em qualidade. Optamos, no texto, por um trecho dela. Privilegiamos muito o primeiro momento dela, que foi um momento em que ela apareceu, um momento de ruptura em uma série de comportamentos que os músicos tinham na época, principalmente os cantores”, explica Zezé.
O trabalho vocal foi um capítulo à parte. Não foi a primeira vez que Zezé misturou atuação com canto — ele já havia feito isso em todas as peças infantis e juvenis em que atuou, além de musicais sobre Vinicius de Moraes e Noel Rosa —, mas chegando à casa de Nara Leão o timbre era especial. “Faz muito tempo que eu não cantava e achava que conhecia as músicas que cantava, que seria fácil, mas as músicas são muito sofisticadas, principalmente as da bossa nova. a questão da idade aparece nisso, na corda vocal, na respiração, na capacidade pulmonar, mas tudo isso precisa ser trabalhado”, afirma. “Tenho uma voz mais forte e mais impulsos e impulsos que ela, mas só preciso baixar um pouco a bola. Ir para o lado da suavidade, da sensualidade, do charme, da sedução. Estou muito confortável.”
Durante o show, Zezé Polessa revisita alguns momentos importantes da vida de Nara, incluindo seus primeiros discos, Nara e Opinião, além de Things in the world, em que a cantora gravou Little boxes, da ativista americana Malvina Reynolds, com o qual abre o mostrar . “Essa música é muito interessante porque fala dessa vida em caixinhas, as pessoas fazem faculdade, se formam, moram nos mesmos condomínios, na mesma casinha. É uma música que revela muito sobre ela e é praticamente desconhecida e encantadora onde ela se coloca como uma pessoa que passou a vida deixando caixas, principalmente como mulher”, alerta Zezé.
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