É noite de véspera de Natal, a família está reunida para comer comidas típicas de Natal e trocar presentes debaixo da árvore. Tudo parece muito agradável… Até que o tio de terceiro grau pergunta inconvenientemente: “Você engordou, não é? É por isso que você não encontra um marido.”
As restrições às celebrações familiares foram culturalmente banalizadas ao longo do tempo. Mas isso não significa que devemos aceitar comentários invasivos. Consultora de etiqueta e boas maneiras, Sofia Rossi explica que muitas pessoas acham que têm o direito de se intrometer na vida dos outros só porque fazem parte da família, mas isso provoca ausências justificadas por falta de respeito e empatia.
Sofia aconselha a não perguntar sobre valores monetários, ex-companheiros e aparência física, temas que fazem parte do repertório comum de comentários de parentes inconvenientes. “São várias perguntas desagradáveis: ‘Uau! Você finalmente conseguiu comprar um carro novo, né?’; ‘O namorado/marido da sua filha é muito feio’; e ‘Quanto você pagou?’. As questões são as mais variadas e as suas origens também”, reflete.
A especialista reforça que os familiares podem perder a sensação de intimidade ao perguntar sobre assuntos pessoais, mas é sempre deselegante questionar sobre assuntos íntimos cujo motivo é desconhecido da família.
Evite comparar
Para lidar com comparações insistentes sobre conquistas profissionais e mudanças físicas, Sofia recomenda paciência e resiliência: “Infelizmente situações como essas são bastante comuns. E se esse comentário vier de um tio ou tia mais velho e a família disser “fulano de tal não tem jeito”? Respire fundo, peça licença e saia da sala.”
Não há como amenizar a grosseria ou intrusão alheia na opinião de Sofia, embora sair educadamente do local seja a melhor solução. “Se você é uma pessoa que consegue se expressar bem só de olhar, cuidado! Você pode ‘dizer’ com os olhos o que não sai da boca”, alerta.
Ainda assim, o consultor defende que avisar com antecedência para evitar temas delicados é uma atitude prudente. “Não há nada de errado em avisar os convidados com um sorriso amigável: hoje não é permitido falar de religião, futebol ou política, ok?”
Como anfitrião, o especialista recomenda estar atento a todos os acontecimentos e neutralizar situações indesejáveis. “Observe o membro da família que bebe demais. Fique de olho no outro que faz o discurso do ‘sou sincero de qualquer maneira’. Quando sentir que o clima esquentou, intervenha educadamente. Sorria e diga para todo mundo ouvir: ‘bom, é isso, vamos para o próximo’”.
E as sogras que odeiam as noras? E o temido tio que bebe e fala o que quer? E o cunhado preguiçoso? Sofia ressalta que esses números estão presentes em todas as famílias, basta tomar atitudes proporcionais que não resultem em arrependimento no dia seguinte. “Muitas famílias só se reúnem nesta época do ano. Existe uma razão para criar divergências e controvérsias? Vamos respirar fundo e olhar para o outro com empatia e respeito”, recomenda.
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