O Ministério Público do Trabalho da Bahia resgatou 163 pessoas que trabalhavam em condições análogas à escravidão. Após o resgate, foram fechados alojamentos e trechos do canteiro de obras da planta industrial onde a montadora chinesa BYD está montando uma fábrica em Camaçari, na Bahia.
A proibição foi comunicada, nesta segunda-feira (23/12), ao Grupo Jinjiang — uma das empreiteiras contratadas pela BYD para realizar a obra que abrigará a unidade de produção de veículos da montadora chinesa.
Segundo informações do MPT-BA, parte dos trabalhadores resgatados permanece em alojamentos, enquanto outro grupo foi alocado em um hotel. Eles não poderão trabalhar e terão seus contratos de trabalho rescindidos, segundo o Ministério Público.
Os alojamentos e canteiros de obras embargados também permanecerão sem atividades até a completa regularização junto aos órgãos que compõem a força-tarefa.
Uma audiência virtual conjunta do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho e Emprego foi marcada para a tarde desta quinta-feira (26/12), para que BYD e Jinjang apresentem as medidas necessárias para garantir condições mínimas de acomodação e também para que as condições para o a regularização geral do que já foi detectado pode ser negociada.
A fiscalização, porém, ainda continuará com a análise dos documentos solicitados e não pode ser descartada a necessidade de novas vistorias in loco.
Condições de trabalho
O Ministério Público do Trabalho da Bahia destacou que as condições encontradas nos alojamentos revelavam um “quadro alarmante de precariedade e degradação”. No primeiro alojamento, os trabalhadores dormiam em camas sem colchões, não possuíam armários para seus pertences pessoais — que eram misturados com materiais alimentares.
A situação sanitária era especialmente crítica, existindo apenas uma casa de banho para cada 31 trabalhadores, obrigando-os a acordar às 4h para formar fila e poder preparar-se para sair para o trabalho às 5h30.
O segundo alojamento, destinado principalmente a soldadores, apresentava condições igualmente precárias. Embora existisse material nas camas, tratava-se na verdade de coberturas com apenas 3 cm de espessura, insuficientes para proporcionar condições mínimas de utilização, sendo que algumas camas nem sequer possuíam esta cobertura.
“Todos os alojamentos partilhavam graves problemas de infra-estrutura e de higiene. Os banheiros, além de insuficientes, não eram separados por sexo, não tinham assentos sanitários adequados e apresentavam condições de higiene precárias. banheiros próprios para esse fim”, citou o MPT-BA.
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Além disso, foi identificado um trabalhador vítima de acidente de trabalho que não gozava de folga há 25 dias. Este funcionário relatou cansaço e sonolência no momento, o que demonstrou que as longas jornadas de trabalho e as condições de alojamento, que impedem o descanso, foram fatores cruciais para o acidente.
As cozinhas de trabalho não possuíam armários adequados para armazenar alimentos. Num caso particularmente grave, foram encontrados materiais de construção perto de alimentos e estes foram armazenados perto de casas de banho em condições insalubres.
Apenas um dos alojamentos possuía sala de jantar improvisada, com bancos e mesas de madeira em área semicoberta, o que ainda era insuficiente para todos os trabalhadores, obrigando a maioria a fazer as refeições nas próprias camas.
A situação também caracteriza o trabalho forçado, devido a vários indicadores encontrados durante as fiscalizações: os trabalhadores foram obrigados a pagar um depósito, tiveram 60% de seus salários retidos (recebendo apenas 40% em moeda chinesa), enfrentaram ônus excessivos para rescisão de contrato e seus passaportes foram retidos pela empresa.
A rescisão antecipada do contrato resultou na perda da caução e dos valores retidos, além da obrigação de pagamento da passagem de volta e devolução do valor da passagem de ida.
A empresa ainda não se pronunciou sobre o caso. O espaço permanece aberto para possíveis manifestações.
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