O mercado de trabalho continua forte, com aumento da massa salarial, mas com perda de dinamismo nas contratações no mercado formal.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,1% no trimestre encerrado em novembro, 510 mil pessoas deixaram o desemprego durante o período. Esse foi o menor patamar da série histórica do IBGE, iniciada em 2012.
Com isso, o número de pessoas que ainda procuram emprego no país caiu para 6,8 milhões. O total de ocupados bateu novo recorde, chegando a 103,9 milhões de trabalhadores.
Segundo a coordenadora das Pesquisas Domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, o ano de 2024 caminha para registrar recordes na expansão do mercado de trabalho brasileiro, impulsionado pelo crescimento de empregados formais e informais.
“A expansão da ocupação por meio de diversas atividades econômicas permitiu que tanto os trabalhadores de ocupações elementares quanto os de serviços profissionais mais avançados fossem procurados, ampliando o nível de ocupação geral da população ativa”, explicou o técnico do IBGE.
Entre os empregados com carteira assinada, o número absoluto de profissionais da Pnad chegou a 39,1 milhões. O número de empregados sem carteira assinada não sofreu alteração significativa no trimestre, permanecendo em 14,4 milhões, enquanto o número total de trabalhadores por conta própria (25,9 milhões) cresceu 1,8% no trimestre, atingindo 25,9 milhões, e permaneceu estável. durante todo o ano.
A taxa de informalidade foi de 38,7%, equivalente a 40,3 milhões de trabalhadores sem carteira assinada. Este percentual fica um pouco abaixo do registrado no trimestre anterior, quando atingiu 38,8%, e foi inferior ao do mesmo período de 2023, de 39,2%.
Para a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, o trimestre encerrado em novembro confirmou a dinâmica recente do mercado de trabalho e mostrou, mais uma vez, a força da atividade doméstica. Além da queda da taxa de desemprego pelo oitavo mês consecutivo, chama a atenção o conjunto de fatores que caracterizam o mercado de trabalho neste momento, que têm apresentado sinais de arrefecimento face à dinâmica verificada ao longo de 2024.
“Ao contrário do que ocorreu nos meses anteriores, a queda do desemprego não foi acompanhada de crescimento da força de trabalho, sugerindo que houve uma atenuação do crescimento do mercado de trabalho no período de referência”, destacou.
A taxa de subutilização, que faz com que a relação entre desempregados, aqueles que poderiam trabalhar mais e aqueles que não querem trabalhar com toda a força de trabalho, continue em tendência decrescente. O valor foi de 15,2%, a menor taxa desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014.
Segundo Argenta, houve um movimento de formalização da população ocupada. “Essa hipótese ganha força se for levada em conta a sazonalidade positiva, que impulsiona o comércio e os serviços em vésperas de datas festivas e períodos de férias escolares e que não mostrou força no período, o que pode ser verificado pela falta de variações significativas no emprego nos sectores do comércio e serviços prestados às famílias no trimestre terminado em Novembro face ao trimestre terminado em Agosto”, notou.
Os grupos de atividades que se destacaram positivamente no período foram indústria, construção, administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais. Em sentido contrário, os destaques negativos ficaram com agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. “A dinâmica expressa acima, que retrata a demanda por mão de obra, não se reflete com a mesma intensidade nos indicadores de renda”, avaliou o economista.
Folha salarial
No trimestre encerrado em novembro, o rendimento médio real dos ocupados foi de R$ 3.285, sem apresentar variação estatisticamente significativa em relação ao trimestre anterior, mas cresceu 3,4% no ano. A massa de rendimentos reais habituais, que é a soma dos salários de todos os trabalhadores, registrou novo recorde, atingindo R$ 332,7 bilhões.
O crescimento da massa de rendimentos reais habituais deve-se, portanto, ao aumento do número de pessoas ocupadas, e não ao crescimento dos salários. “O conjunto de informações acima refuta a premissa de que os salários cresceram acima da inflação nos últimos meses, de modo que os custos de produção e de pessoal aumentaram mais do que os preços de venda. Há, no entanto, uma expansão do mercado consumidor, uma vez que mais trabalhadores estão empregam e recebem salários, movimento que implica uma demanda agregada igualmente maior”, diz Argenta.
Na comparação trimestral, apenas o grupo transporte, armazenagem e correio registrou aumento no rendimento médio: 4,7%, ou mais R$ 141. Não houve variações significativas no rendimento médio dos demais grupos de atividades.
Número de pessoas que ainda procuram emprego no país caiu para 6,8 milhões
(foto: editorial de arte)
Portfólio assinado
Em outro levantamento divulgado ontem, relacionado ao mercado formal, foram registradas 106,6 mil novas vagas de emprego com carteira assinada. O número ficou abaixo do registrado em outubro, quando foram criados 132,1 mil empregos formais. Segundo números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), registrados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), esse saldo foi resultado de 1,978 milhão de admissões e 1,871 milhão de demissões.
O resultado de novembro também representou queda em relação a novembro do ano passado, quando foram criados cerca de 121,3 mil empregos formais. Entre janeiro e novembro deste ano, foram criados 2,24 milhões de empregos formais no país.
Apenas dois dos cinco grupos econômicos pesquisados pelo Caged registraram saldos vagos positivos no último mês: comércio e serviços. Indústria, agropecuária e construção civil registraram saldos negativos, associados à sazonalidade das atividades.
Apesar da queda mensal, o secretário executivo do Ministério do Trabalho, Francisco Macena, destacou que a indústria apresentou saldo positivo de empregos no ano, o que demonstra o crescimento estrutural do setor. No entanto, ele avalia que houve uma clara desaceleração do mercado no terceiro trimestre do ano, o que estaria relacionado à retomada do ciclo de aumento da taxa básica de juros (Selic). “Quando se fala com os sectores da indústria, os investimentos diminuíram, isso tem a ver com as expectativas económicas, está directamente relacionado com a taxa de juro”, disse, em conferência de imprensa.
A Pnad Contínua é um levantamento mais completo sobre o comportamento e a situação dos brasileiros, principalmente pelo grande número de trabalhadores informais. O Caged, por sua vez, é a fonte mais confiável de dados sobre emprego formal.
De modo geral, a leitura qualitativa do indicador é que o mercado de trabalho segue forte e com composição saudável, “recuperando suas características intrínsecas, que agora apresentam menor desemprego estrutural”, avaliou Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.
“Olhando para o futuro, esperamos que o mercado de trabalho continue forte e permaneça neste nível historicamente baixo por mais tempo. Para 2024, projetamos uma taxa média de desemprego de 6,9%, encerrando o ano em 5,8%. do desemprego é de 6,8%”, afirmou.
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