Depois que os Estados Unidos confirmaram a primeira morte humana pelo vírus da gripe aviária H5N1, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou que o microrganismo não circula entre as pessoas, oferecendo baixo risco de contágio. “A doença não está circulando nos seres humanos, mas sim nos seres humanos expostos às aves e ao gado leiteiro”, disse Margaret Harris, porta-voz da agência, em Genebra.
O paciente da região de Louisiana que faleceu tinha 65 anos e apresentava comorbidades. De acordo com as autoridades de saúde dos EUA, dezenas de pessoas contraíram a gripe aviária no actual surto, especialmente trabalhadores agrícolas que estiveram em contacto próximo com animais infectados. Harris destacou que os Estados Unidos “continuam a realizar muita vigilância sobre a população humana e animal”.
Desde abril de 2024, o país registrou 61 casos de infecção humana pelo H5N1. “A maioria dos pacientes apresentou sintomas leves, e todos os casos estão relacionados ao contato direto com aves infectadas”, explica Leandro Machado, professor de doenças infecciosas da Universidade Católica de Brasília (UCB).
O especialista explica que, além das pessoas que lidam diretamente com aves, os idosos e os pacientes com doenças crônicas, como diabetes, doenças cardíacas e problemas pulmonares, são mais vulneráveis a complicações e à morte. “Como médicos, sabemos que essas populações necessitam de maior atenção, tanto para prevenção quanto para manejo clínico precoce”, lembra.
Resposta imediata
Na avaliação de Machado, a postura do governo norte-americano em relação ao surto de H5N1 é adequada. Os Estados Unidos atribuíram 300 milhões de dólares para preparar infra-estruturas hospitalares, criar reservas de vacinas e reforçar a vigilância epidemiológica. “O objetivo é garantir, até 2025, um estoque de 10 milhões de doses de vacinas contra o H5N1, prontas para uso em caso de emergência”, destaca o professor da UCB.
No Brasil, em maio de 2023, o Ministério da Agricultura declarou estado de emergência sanitária animal após detectar o vírus em aves silvestres. “Embora ainda não tenhamos casos humanos no Brasil, as autoridades continuam atentas. Sendo a avicultura um dos pilares da economia nacional, há uma preocupação legítima em evitar impactos sanitários e econômicos”, destaca Leandro Machado.
O porta-voz da OMS também informou sobre o metapneumovírus humano (Hmpv), um vírus respiratório que tem chamado a atenção nas últimas semanas devido ao aumento de casos na China. “Os níveis relatados de infecções respiratórias na China estão dentro da faixa normal para o inverno”, destacou Harris. Além disso, ela destacou que o microrganismo é comum e causa sintomas semelhantes aos do resfriado, com risco “muito, muito baixo” de morte.
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