Los Angeles, a segunda cidade mais populosa do mundo Estados Unidos e berço do cinema mundial, hoje arde nas chamas de vários incêndios, alimentados por ventos fortes, que chegaram a 100 km/h.
Até agora, existem cinco focos activos dos chamados “incêndios selvagens” (ou incêndio florestal, no termo inglês).
Mais de 100 mil pessoas foram evacuadas em diferentes regiões da cidade e, segundo as autoridades, pelo menos cinco pessoas morreram em consequência das chamas.
O incêndio no bairro Pacific Palisadesonde moram diversas celebridades, é o maior e mais sério deles. O incêndio ali queimou uma área maior que a ilha de Manhattan, destruindo pelo menos mil estruturas numa das regiões mais ricas do país.
Duas brasileiras que moram na cidade entrevistadas pela reportagem disseram que a chegada do fogo as obrigou a abandonar tudo.
Bruna Gonçalves, 24 anos, trabalha como babá de uma família que perdeu tudo no incêndio.
“Chorei a noite toda. Sinceramente, não sei o que vai acontecer conosco agora. Nem sei se essa família vai conseguir me manter aqui”, diz Bruna. (Leia a história completa abaixo).
Embora ainda seja impossível calcular a extensão exata dos danos, as autoridades acreditam que este seja o incêndio mais caro da história, ultrapassando os 15 mil milhões de dólares gastos na fogueira, que ocorreu no norte da Califórnia em 2018.
Segundo Gavin Newsom, governador do estado, 7,5 mil agentes combatem as chamas.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que estava na cidade devido a outros compromissos, aprovou a declaração de emergência e acionou o Departamento de Defesa para coordenar esforços nesta tragédia.
Entre as medidas postas em prática pela Casa Branca estão subsídios para habitação temporária e reparações residenciais, empréstimos de baixo custo para cobrir perdas de propriedades não seguradas e outros programas para ajudar indivíduos e proprietários de empresas a recuperarem desta catástrofe.
O pacote anunciado pelo presidente não deixa claro se outras vítimas deste incêndio receberão algum tipo de ajuda – o que poderá afetar os brasileiros que viveram esta tragédia.
‘Não temos mais nada’
A seguir, leia a história de Bruna Gonçalves, nascida em São Paulo:
Depois de um ano em Massachusetts, mudei-me em agosto de 2024 para a Califórnia, onde trabalho como au pair [jovem que trabalha como babá e mora com uma família anfitriã em outro país]cuidando de três filhos.
Eu estava brincando com os mais novos quando percebi que o telefone da minha anfitriã, a mãe dos pequenos, tocava insistentemente. Era um vizinho do bairro nos alertando sobre o incêndio.
Tínhamos 10 minutos para nos arrumar: era hora de pegar o cachorro e uma muda de roupa para as crianças. Levei apenas meu passaporte e carteira de motorista.
À tarde, outra vizinha ligou para dizer que, pela câmera de segurança, viu o fogo se aproximando da nossa rua. Meia hora depois, a família recebeu um alerta de alarme de incêndio – já não tínhamos esperança.
Nossa rua inteira pegou fogo. A escola das crianças pegou fogo. Nossa casa também. Não temos mais nada; absolutamente nada mais.
Chorei a noite toda. Honestamente, não sei o que vai acontecer conosco agora. Nem sei se essa família vai conseguir me manter aqui.
Entre tantas incertezas, a única certeza que tenho é que o caos lá é grande, e acho que toda aquela parte de Los Angeles será completamente destruída, e não há nada que possamos fazer; ninguém pode pará-lo.
‘Eu vi meu carro completamente queimado’
Marisa Reis Araújo, 42 anos, é natural de Limeira, interior de São Paulo, e mora há oito anos nos Estados Unidos. Abaixo, leia a história dela, que também trabalha como babá:
Eu trabalho como babá. Demoro cerca de uma hora para ir da área onde moro, Woodland Hills, até a família para quem trabalho em Pacific Palisades.
Na terça-feira, as duas principais vias de acesso para chegar lá estavam fechadas. É comum que bloqueiem essas vias quando há risco de incêndio, pois as avenidas que cortam os cânions não têm rota de fuga.
Informei-lhes do meu atraso e tomei o único caminho possível, que demorou duas horas. Cheguei ao trabalho às 9h30 – bem a tempo de colocar meu filho na cama. Eu estava na sala planejando o dia, quando alguém bateu na porta. Era uma vizinha, dizendo que estava vendo fumaça e pedindo para ficarmos alertas.
Em dois minutos, a mesma fumaça era visível da nossa janela. Meus chefes começaram a fazer as malas enquanto eu ia buscar o bebê. Quando voltei com a criança, meu chefe me mandou ir embora, mas quando entrei no carro percebi que o fogo estava muito mais próximo do que imaginávamos.
Voltei para casa e disse que não tinha tempo de arrumar mais nada, que precisava sair imediatamente.
A família me ouviu e todos saímos: eles na frente e eu logo atrás.
Eu estava prestes a ligar o carro quando uma lata de lixo me atingiu com força. Desci rapidamente para ver o estrago, demorou apenas alguns segundos – mas foi o suficiente para não conseguir sair dali.
E não foi por falta de tentativa: mesmo com o engarrafamento, insisti. Passei 20, 30, 40 minutos no carro. Lá pessoas com crianças e idosos começaram a se desesperar.
Alguns começaram a tentar seguir o caminho errado, mas acabaram impedindo que a ajuda chegasse onde era necessária. Fiquei preso nesse trânsito por horas.
Cheguei até a pensar em abandonar o carro e continuar a pé, mas liguei para meu marido e ele disse que o carro poderia ser rebocado, o que nos custaria muito caro. Além disso, tenho asma e também pensei que de alguma forma estaria mais seguro lá.
Mas as chamas começaram a se aproximar e o trânsito não fluiu mais. Quando o fogo atingiu o carro de uma mulher com uma criança, ela começou a gritar de desespero. Então apareceu um policial mandando todos nós sair do carro e continuar andando.
Vi na televisão, horas depois, meu carro sendo primeiro empurrado por um trator e depois completamente queimado. Mas o que mais me impressionou não foi isso, foi o facto de as pessoas estarem muito zangadas com a polícia, que não nos ajudou em nada.
Ninguém nos orientou e, em alguns casos, eles (os policiais) atrapalharam mais do que ajudaram. Vi poucos bombeiros nas quase seis horas que fiquei preso ali, achei isso bastante surpreendente.
Mas a cena mais triste que presenciei foi ver uma senhora conversando com um policial, explicando que tinha cinco animais de estimação em casa e que alguém precisava voltar para salvá-los. O policial, infelizmente, disse que isso era impossível.
Um momento revoltante foi quando vi uma mulher fazendo de tudo para salvar seu Lamborghini. Ela olhou para mim e disse ‘preciso sair daqui’; ao que respondi: ‘Meu Deus, todo mundo precisa sair daqui, não só você’.
Foi muito triste vivenciar tudo isso, mas agradeço a Deus porque as pessoas atingidas ali têm dinheiro para sobreviver. Só estou preocupado com os trabalhadores, como eu, que estavam lá. Não creio que meu seguro cubra acidentes naturais e não tenho dinheiro para comprar outro carro.
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