Um grupo de manifestantes se reúne, neste sábado (1/11), na Praça da Liberdade, no Centro-Sul de BH, para homenagear a atriz Fernanda Torres e as vítimas da ditadura militar (1964-1985). Estenderam um tapete vermelho para comemorar a vitória da filha de Fernanda Montenegro no Globo de Ouro, no último domingo. Ela foi premiada como Melhor Atriz de Drama por sua atuação em “I’m Still Here”.
A trama narra a luta da família do ex-deputado Rubens Paiva após ser levado pelos militares em 1971. Durante anos, sua esposa e filhos não sabiam de seu paradeiro e ele foi dado como desaparecido. A sua morte foi reconhecida em 1996 e, apenas em 2014, junto da Comissão Nacional da Verdade, os detalhes da tortura que o matou tornaram-se públicos.
A história tornou-se uma representação do sofrimento de diversas famílias. “O coletivo Alvorada organizou esta homenagem junto com alguns parceiros para homenagear a nossa querida Fernanda Torres, mas também, em seu nome, para homenagear todas as famílias dos mortos e desaparecidos durante o período da ditadura. Estamos estendendo esse tapete vermelho, trouxemos fotos dos mineiros mortos e desaparecidos durante a ditadura e vamos fazer um pedido de memória e justiça”, destaca o produtor cultural e um dos coordenadores do Coletivo Alvorada, Pedro Martins.
“Temos vários familiares nossos cujos corpos não foram encontrados e lutamos por esses registros. Lutamos para enterrar os corpos dos nossos familiares, pela verdade e pela memória”, acrescentou.
Bernardo Mata Machado é historiador, cientista político, ator e diretor teatral. Ele participa do ato em busca da memória do primo, José Carlos Novais da Mata Machado, assassinado em 1973, sob tortura militar, no Recife.
José fazia parte do movimento popular e foi alvo de ditadores. “Quando ele foi preso, ele foi torturado até a morte. Somos uma das poucas famílias que conseguiram recuperar o corpo, mas depois de muita influência do meu pai, Edgar Mata Machado, que foi jornalista na juventude e depois professor de direito”, afirma.
Graças a Edgar, a morte de José Carlos foi noticiada em diversos jornais do mundo, inclusive no The New York Times. Com isso, a família conseguiu trazer o corpo para ser sepultado em Belo Horizonte. “Recebemos ele no aeroporto da Pampulha, com o caixão lacrado e com proibição de abertura do caixão. Pelas notícias que ouvimos mais tarde, o corpo foi completamente massacrado. Quando os militares não conseguiram escondê-lo, ele foi pisoteado. O corpo foi moleza, segundo o advogado que conseguiu exumá-lo em Recife”, lembra emocionado.
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