Os sinais sobre possível acordo para cessar-fogo em Gaza, em negociação no Catar

Mais de 15 meses após o início da guerra em Gazahá sinais de que Israel e o Hamas podem estar à beira de um acordo de cessar-fogo, com a retomada do diálogo nas últimas horas.

Os negociadores devem reunir-se novamente em Catar nesta terça-feira (14/1) para tentar chegar a uma decisão sobre o fim do conflito em Faixa de Gaza e a libertação de reféns.

Uma autoridade palestina familiarizada com as negociações disse ao jornalista da BBC News, Rushdi Abualouf, que, pela primeira vez na guerra, delegações de Israel e o Hamas estão conduzindo conversas indiretas no mesmo prédio.

O Hamas também teria retirado as condições para a saída das tropas israelenses da Faixa de Gaza.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que um acordo estava “prestes” a se materializar, enquanto uma autoridade israelense também disse à agência de notícias Reuters que um acordo era possível em “horas, dias ou mais”.

No entanto, Majed Al-Ansari, do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Catar, afirmou que não haverá declaração ou anúncio de cessar-fogo esta terça-feira.

“É muito difícil” especificar um prazo, segundo ele, mas “estamos o mais perto possível, comparativamente a qualquer momento anterior, de atingir isso”, acrescentou.

“Podemos confirmar que os dois rascunhos foram entregues a ambas as partes”, disse Al-Ansari.

A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e outras 251 feitas reféns para Gaza.

Israel lançou uma ofensiva militar em resposta, e o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que mais de 46.500 pessoas foram mortas na região durante a guerra.

O que envolveria o acordo de cessar-fogo?

Revelando alguns detalhes potenciais do acordo, um alto funcionário palestino disse à BBC que “discussões técnicas detalhadas levaram um tempo considerável”.

Ambos os lados concordaram que o Hamas libertaria três reféns no primeiro dia do acordo, após o qual Israel começaria a retirar as tropas das áreas de Gaza.

Sete dias depois, o Hamas libertaria mais quatro reféns e Israel permitiria que as pessoas deslocadas no sul regressassem ao norte – mas apenas a pé, ao longo da estrada costeira.

Carros, carroças puxadas por animais e caminhões seriam autorizados a cruzar uma passagem adjacente à rua Salah al-Din, monitorados por uma máquina de raios X operada por uma equipe de segurança técnica do Catar e do Egito.

O acordo inclui disposições para que as forças israelitas permaneçam num local chamado corredor de Filadélfia e mantenham uma zona tampão de 800 metros ao longo das fronteiras leste e norte durante a primeira fase do cessar-fogo, que durará 42 dias.

Israel também concordou em libertar 1.000 prisioneiros palestinos, incluindo aproximadamente 190 que cumpriam penas de 15 anos ou mais. Em troca, o Hamas libertará 34 reféns.

As negociações para a segunda e terceira fases do acordo começariam no 16º dia do cessar-fogo.

Posse iminente de Trump pressiona prazo

O presidente americano, Joe Biden, disse que esteve ao telefone com os principais líderes da região para pressionar pelo acordo.

Ele declarou que um acordo é iminente.

“Estamos finalmente prestes a concretizar uma proposta que apresentei detalhadamente meses atrás. Aprendi com muitos anos de serviço público a nunca, nunca, nunca, nunca desistir”, disse Biden diante de membros do Gabinete e diplomatas seniores. do Departamento de Estado dos EUA.

A estrutura deste acordo foi definida por Biden há quase oito meses, que foram marcados por momentos de quase ruptura e praticamente pelo fim das negociações, já que cada lado culpava o outro e aumentava as exigências.

Os enviados de Biden e do presidente eleito Donald Trump estão agora em Doha, no Catar.

Para o jornalista Tom Bateman, da BBC News, a realidade é que a iminente posse de Trump pressionou os prazos.

Para eles, o novo presidente traz menos certeza às delegações israelitas e do Hamas de que os actuais termos do cessar-fogo permaneceriam em vigor e manteriam os EUA como fiador.