O Brasil permanece em alerta devido às intensas chuvas que atingiram diversas regiões, causando deslizamentos de terra e inundações. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Nordeste, partes do Norte, Sudeste e Centro-Oeste enfrentam alto risco de chuvas fortes. O cenário é agravado pelos alertas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), que indicam probabilidade moderada a alta de eventos geohidrológicos, como enchentes e deslizamentos de terra.
Em Minas Gerais, 24 pessoas perderam a vida na última semana em decorrência de deslizamentos de terra, incluindo 11 mortes registradas no domingo (12) em Ipatinga e Santana do Paraíso. No Recife, o aumento das marés também causou problemas com alagamentos em diversas ruas.
Nos próximos dias, a previsão é de chuvas persistentes em quase todo o país, com acúmulos que podem ultrapassar 80 milímetros em estados do Centro-Oeste, norte de Minas Gerais, Tocantins, sul do Pará e regiões do centro-oeste de o Nordeste.
O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional informou que a Defesa Civil Nacional está em contato com os governos estaduais e municipais para mitigar os impactos, enquanto o Inmet reforça orientações de segurança, como evitar árvores em caso de ventos fortes e desligar aparelhos elétricos.
Segundo a Imnet, esse cenário de chuvas intensas é influenciado pela ação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), um dos principais sistemas meteorológicos responsáveis pelas precipitações no país.
A ZCAS é caracterizada por uma faixa de nebulosidade que se estende do sul da Amazônia até o Atlântico Sul, passando pelas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Sua formação ocorre quando há um alinhamento entre a umidade vinda da Amazônia e os sistemas de baixa pressão do Atlântico, favorecendo a convergência dos ventos e a formação de nuvens pesadas. Durante a sua operação, a ZCAS pode persistir por vários dias, provocando volumes significativos de chuva nas áreas sob sua influência.
Nordeste: comunidades de alto risco e vulneráveis
Estados do Nordeste, como Maranhão, Piauí, Bahia, Pernambuco e Ceará, enfrentam chuvas intensas acompanhadas de ventos de até 100 km/h. Na Bahia, as bacias dos rios Cachoeira e Una estão em alerta devido à possibilidade de enchentes e alagamentos. Até segunda-feira (13), 65 cidades baianas registraram ocorrências, entre deslizamentos de terra e alagamentos, que deixaram 236 desabrigados e 878 desabrigados. Quatro municípios declararam situação de emergência: Jaguaquara, Maiquinique, Itajuípe e Floresta Azul.
No Piauí, a cidade de Picos registrou 135 milímetros de chuva em apenas 24 horas, o que resultou em bairros alagados, 500 famílias afetadas e duas mortes, incluindo um homem que morreu após ser arrastado pelas enchentes enquanto tentava salvar seus cães.
Em Salvador, capital do estado, já choveu cerca de 50% do previsto para todo o mês de janeiro apenas nas últimas 24 horas. Em Sergipe, três pessoas foram soterradas esta semana depois que o carro delas caiu em uma cratera formada pela tempestade. No Rio Grande do Norte, em Natal, 29 mil imóveis ficaram sem luz devido às fortes chuvas
Sudeste: tragédias em Minas Gerais e Espírito Santo
No Sudeste, Minas Gerais tem sido o estado mais afetado pelas fortes chuvas, registrando 25 mortes causadas por deslizamentos e enchentes. Mais de 3.000 pessoas foram forçadas a deixar suas casas devido aos danos. Governador Valadares, Ipatinga e Belo Horizonte estão entre as cidades sob alerta moderado do Cemaden para enchentes e alagamentos. No Espírito Santo, as cidades de Colatina e São Mateus também enfrentam risco semelhante.
O número de deslocados e desabrigados em Minas Gerais praticamente dobrou, segundo o último boletim da Defesa Civil estadual. Desde o início da época chuvosa, 3.553 moradores tiveram que abandonar as suas casas, face aos 1.776 registados anteriormente. Ipatinga, uma das cidades mais impactadas, registrou dez mortes no domingo, após deslizamentos de terra. O relatório da cidade mostra que cerca de 85 mil pessoas foram afetadas, das quais 217 precisaram ser removidas e estão abrigadas em locais seguros ou em casas de familiares.
Centro-Oeste e Norte: chuvas persistentes
O Centro-Oeste e parte do Norte também enfrentam grandes volumes de chuvas, com acúmulos de mais de 80 milímetros esperados no Tocantins e no sul do Pará. Estão previstos 80 mm para Mato Grosso, centro norte de Goiás e centro-oeste de Mato Grosso do Sul, com áreas específicas superiores a 150 mm.
*Estagiário sob supervisão de Renato Souza
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