O que podemos esperar em relação aos desastres ambientais?
No final de dezembro, lançamos o estudo Brasil em Transformação, que mostra um aumento de mais de 250% nos desastres no país nas últimas décadas. Em quatro anos (2020 a 2023), tivemos mais do dobro de desastres ambientais do que em toda a última década. Esse aumento ocorre porque o aumento da temperatura vai se acumulando: por menos que suba, o vidro transborda mais. O impacto econômico disso é muito grande: estamos falando de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro só nos últimos anos, sem contar o número de vidas perdidas. Nas últimas três décadas, mais de 90% dos municípios brasileiros sofreram algum tipo de desastre. Infelizmente, é muito difícil passar uma semana sem um desastre. Agora serão chuvas, deslizamentos de terra, ondas de calor. Depois chega o tempo mais seco, os incêndios, as ondas do mar, a erosão costeira… Estes processos são cada vez mais frequentes.
Como anfitrião da COP30, como o Brasil deve se posicionar em relação aos dados divulgados pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Copernicus?
Definitivamente, como anfitrião da COP e presidente do BRICS deste ano, o Brasil tem a responsabilidade de trazer a urgência da adaptação e mitigação climática. As ações de adaptação são aquelas que irão minimizar os impactos dos desastres ambientais no curto prazo. Mas é preciso exigir fortemente acordos e metas mais claras para a mitigação, que é reduzir a emissão de gases geradores do aquecimento global. A COP30 é um marco muito grande, porque é quando as metas (de redução de emissões) dos países serão revistas, e elas terão que ser mais ousadas. O Brasil entregou suas metas revisadas na COP29, fez progressos, mas poderia ser ainda mais ousado. O Brasil tem a obrigação de exigir isso de outros países, dando o exemplo.
Como deverá a provável saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris interferir com a meta de 1,5ºC?
Hoje o grande problema, o elefante branco na sala, é a possível saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, porque é um dos maiores emissores de gases com efeito de estufa do mundo. O pior não é apenas abandonar o Acordo de Paris, é ter um novo líder (o presidente eleito Donald Trump) que diz que irá emitir mais gases, deliberadamente. Então, é um grande gol contra, mas é um gol contra de um país que afeta o mundo inteiro. Será muito mais difícil atingir a meta sem os Estados Unidos juntos, e sem falar que o outro grande conflito em toda essa discussão é que para atingir a meta e adaptar as cidades estamos falando de muito investimento econômico. O grande problema na COP29, no Azerbaijão, foi o financiamento climático, o que não implica que os países darão dinheiro aos mais pobres; significa responsabilidade. Quando os Estados Unidos manifestam a possibilidade de aumentar as emissões, o país está a piorar as coisas no longo prazo e a dificultar as coisas no curto prazo, pois também retirará os seus recursos financeiros desta história. É uma decisão unilateral que tem um enorme impacto global.
* Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), presidente do Grupo de Especialistas em Cultura Oceânica da UNESCO e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).
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