Em resposta aos vários atos criminosos registrado em Porto Velho, nos últimos dias, o governo de Rondônia decidiu proibir a venda de combustíveis em contêineres separados. A medida está detalhada no Decreto 29.954, desta quarta-feira (15).
Assinado pelo governador em exercício, Sérgio Gonçalves da Silva, o texto proíbe a venda direta, a qualquer pessoa, de substâncias inflamáveis acondicionadas em recipientes como sacos e garrafas plásticas ou de vidro, bem como em galões.
Caso não consigam interromper a venda, os postos deverão comunicar o fato imediatamente à Polícia Civil, sob pena de multa e responsabilização civil e criminal. Nessa situação, os funcionários dos postos deverão exigir a apresentação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do comprador, bem como do Certificado de Registro e Licenciamento do veículo que será fornecido. O funcionário do posto deverá preencher o formulário com os dados do comprador e encaminhá-lo ao órgão competente por e-mail.
O não cumprimento das regras resultará em penalidades para quem violar os estabelecimentos. O decreto tem validade de 90 dias e pode ser prorrogado conforme necessário.
Objetivo
Segundo o governo do estado, o objetivo da medida é dificultar o acesso de criminosos a materiais inflamáveis, utilizados em ataques contra transporte público e propriedade privada. “Os ataques recentes mostraram que é preciso agir rapidamente para evitar que criminosos tenham fácil acesso a materiais inflamáveis. A população pode colaborar denunciando qualquer tentativa de compra suspeita”, afirma o secretário estadual de Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec), Felipe Bernardo Vital.
Cerca de 20 veículos, entre ônibus, carros particulares e pelo menos uma viatura da Polícia Militar (PM), foram incendiados nos últimos dias. Por falta de segurança, motoristas e cobradores de ônibus interromperam o serviço de transporte público nesta terça (14) e quarta (15). Hoje, o transporte público está de volta operar parcialmentecom parte da frota e previsão de retirada dos ônibus no início da noite.
Reação
Segundo autoridades locais, os ataques criminosos são uma reação à Operação Aliança pela Vida, Moradia Segura, cuja primeira fase foi lançada pela PM no final de 2024. Concentrados “nos dois maiores conjuntos habitacionais do estado” – construídos pelo governo estadual com recursos federais e que, segundo a PM, eram dominados por organizações criminosas – a operação já resultou na retomada de cerca de 70 apartamentos invadidos por bandidos que expulsaram os moradores, além da apreensão de drogas e armas.
“A facção [criminosa] lucra não só com a venda de drogas, mas também com roubos e com a venda e aluguel desses imóveis”, afirma o comandante do 9º Batalhão, tenente-coronel Ewerson Pontes, em nota divulgada pela PM.
Na noite do último domingo (12), poucos dias após a PM deflagrar a primeira fase da operação, criminosos atiraram e mataram o cabo Fábio Martins, do Batalhão de Polícia Ambiental. No dia seguinte, a corporação lançou a segunda fase da Operação Aliança Pela Vida, Moradia Segura, desta vez no conjunto habitacional Orgulho do Madeira.
Em nota, a própria PM reconheceu ter mobilizado mais de 200 policiais numa “resposta enérgica do Estado ao crime que matou o cabo Fábio Martins”. Segundo a assessoria de imprensa da corporação, cerca de 20 pessoas já foram presas nesta segunda fase da operação e pelo menos dois supostos integrantes de facções criminosas foram mortos ao reagir à ação policial.
Nas redes sociais, a PM afirma que os ataques orquestrados a ônibus e veículos particulares buscam “afastar as guarnições [policiais] áreas residenciais, já que os danos à criminalidade têm sido de grandes proporções”, com apreensão de drogas, armas, reintegração de posse de bens e prisão e identificação de suspeitos.
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