Não há dúvidas de que 2024 foi um ano terrível para a Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Levantamento feito pela consultoria Elos Ayta mostra que o principal índice da B3, o IBovespa, teve o pior desempenho em termos de rentabilidade em dólar, na comparação com as outras 21 principais bolsas do mundo. Em valores baseados na moeda norte-americana, o IBovespa registrou perdas de 29,92% no ano, e, em reais, a queda foi de 10,36%.
Com isso, a Bolsa brasileira registrou a pior marca desde 2015. No início deste ano, o IBovespa apresentou muita volatilidade, chegando abaixo de 120 mil pontos, mas acumulou, até sexta-feira, alta de 1,72% no ano, em 122.350 pontos. Mas analistas admitem que o cenário é de incerteza para a Bolsa neste ano, pois as taxas de juros deverão permanecer elevadas e a inflação permanecerá acima do teto da meta de 4,50%, como ocorreu em 2024.
No ano passado, a saída de investimentos estrangeiros do IBovespa também bateu recorde, com queda líquida de R$ 24,2 bilhões na Bolsa ao longo do ano. Foi apenas a terceira vez em nove anos que a saída superou a entrada de recursos do exterior no índice da B3.
Para o especialista e chefe da mesa de renda variável da Convexa Investimentos, João Vítor Saccado, atualmente há uma preferência maior por investir em exchanges com retornos mais seguros, como a dos Estados Unidos. “E aí eu tenho um dólar mais forte e não estou vendo todo esse problema fiscal no Brasil e os investidores estrangeiros não querem correr esse risco num país onde a dívida vem aumentando significativamente”, afirma.
Na avaliação do especialista, diante de um contexto de crise fiscal e do mercado reforçando a desconfiança na condução das políticas econômicas governamentais, na maioria das vezes, os investidores preferem evitar investir na Bolsa de Valores brasileira devido ao maior risco.
“Em tese, quando eu tenho um diferencial de juros maior, acontece que a pessoa deixa de investir em renda fixa nos Estados Unidos para investir em renda fixa no Brasil, porque o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), agora, está em 12, 15% ao ano Mas, por conta dessa situação fiscal, muitas vezes o investidor acaba pesando muito mais essa situação e aí o fluxo que, de certa forma, era esperado, acaba não chegando”, completa. O CDI segue a taxa básica da economia (Selic), atualmente em 12,25% ao ano.
Na análise da mestre em finanças pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e sócia da Leroy Consulting, Bárbara Coelho, o movimento de saída de investidores do país reforça as incertezas quanto a sinais contraditórios do governo e ajuda a valorizar o dólar mesmo avançar. . Segundo ela, embora os juros no Brasil devam continuar subindo, o Banco Central não deverá conseguir entregar tudo o que o mercado pede, mesmo com a entrada de novos diretores e do novo presidente, Gabriel Galípolo.
“O pacote fiscal anunciado recentemente pelo governo não reduziu as preocupações — muito pelo contrário. Portanto, sem uma mudança na ação fiscal do governo, mesmo com o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) cortando as taxas de juros, o movimento A saída de investidores estrangeiros deverá se intensificar em 2025, pois é pouco provável que os investidores estrangeiros aumentem os fluxos com o real se desvalorizando rapidamente”, comenta.
Galípolo terá a difícil missão de controlar a animosidade do mercado e a crise com o governo, ao mesmo tempo que cumpre as suas funções como chefe da autoridade monetária independente. Para o especialista da Convexa, João Vítor Saccado, o câmbio pode estar entrando em um ritmo de dominação fiscal, que ocorre quando o Banco Central não tem mais o controle para influenciar o valor do dólar, mas apenas o governo, que tem o controle. da política fiscal. “Ainda não chegamos a esse ponto, mas já ouvimos alguns economistas começando a falar sobre isso”, considera.
Fora da curva
Em 2024, apenas 15 das 86 ações listadas no Ibovespa encerraram o ano em alta. Algumas ações registraram valorização superior a 100% ao longo do ano, como foi o caso da Embraer, 150,96%, e da Marfrig, 104,83%. As ações da Ambipar, as primeiras a serem reconhecidas como ações verdes pela B3, valorizaram 730%.
Na opinião do economista da ConfianceTec Julio Hegedus Netto, para 2025 é interessante apostar em bancos, infraestrutura e empresas de energia elétrica, que, na opinião do especialista, poderão sentir menos os efeitos dos juros elevados. “E depois tem algumas empresas que são um pouco resilientes às crises, que são aquelas focadas no agronegócio e na alimentação. Essas têm mais musculatura porque a demanda nunca acaba. Sempre há demanda por alimentos no mercado interno”, analisa.
Apesar disso, o economista destaca que o cenário ainda não é tão favorável para investimentos em ativos da bolsa. “Não dá para ser muito otimista, porque para o ano se prevê o pior, com a taxa de juros que poderá chegar a 15% a partir de março, e depois vem a alta do crédito, e tudo mais. a taxa de juros real é imensa. Isso inviabiliza qualquer possibilidade de investimento em renda variável”, destaca Hegedus Netto.
A especialista em investimentos e riscos da Fundação Getulio Vargas (FGV) e em gestão empresarial do Ibmec, Merula Borges, considera que tudo aponta para um ano difícil para a Bolsa e que exigirá cautela dos investidores não só na escolha das ações, mas também dentro do período de retorno esperado.
“Mas para quem quer um investimento de longo prazo é sempre uma boa opção comprar ações de boas empresas a bons preços e a lógica é focar em setores que tendem a se beneficiar mais com juros e dólares mais altos, como bancos e exportadores. Negócios mais robustos e mais bem preparados para uma crise também são uma boa opção”, enfatiza.
Oportunidades em diversas frentes
Apesar do pessimismo no curto prazo, alguns analistas veem o período de queda do mercado acionário como uma oportunidade para comprar ações mais baratas, o que reforça a regra de “compre na baixa, venda na alta”. Com base nisso, Victor Souza, sócio da Cash Wise Investimentos, avalia que é mais vantajoso comprar ativos de renda variável do que títulos de renda fixa, mesmo com a possibilidade concreta de a taxa Selic atingir o patamar de 15% neste ano.
“Uma coisa que é verdade é o seguinte: se a renda fixa está pagando muito ou está pagando bem, a renda variável sempre estará pagando mais. Quem comprar e aproveitar essas promoções que teremos em 2025 e já foram tendo até agora, agora, vai sair depois de um tempo, quando a Selic cair, com ganhos excelentes, às vezes bem superiores aos 15% que a renda fixa está pagando”, afirma.
O especialista acrescenta que é importante manter diversificada a carteira de investimentos. “Não adianta investir só em renda fixa, porque a renda fixa está rendendo bem, se o dólar também está desvalorizando. Tem que ter uma carteira diversificada com renda variável, com renda fixa, com ativos dolarizados que te protejam em todas as situações Se o Brasil continuar com essa crise fiscal, provavelmente teremos diversas oportunidades em renda variável, e a renda variável será uma excelente opção”, acrescenta Souza.
Diferentemente da Bolsa de Valores, alguns ativos de renda variável tiveram bom desempenho no ano passado, como o Bitcoin. A criptomoeda criada em 2008 por Satoshi Nakamoto subiu 183,25% em 2024, e ultrapassou a barreira dos US$ 100 mil pela primeira vez após a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, em novembro. Outra aplicação que também surpreendeu no ano passado foi o ouro, que registrou valorização de 26,55% no período.
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Investir em índices estrangeiros também é uma opção interessante e muitas vezes vantajosa. Paula Zogbi, Research Manager e Head of Content da Nomad, explica que, do ponto de vista da diversificação e do investimento de longo prazo, faz sentido manter uma exposição relevante a ativos estrangeiros. “A economia americana tem tendência de crescimento no longo prazo e a diversificação apresentada pelos setores disponíveis na bolsa norte-americana pode ser um importante complemento às carteiras domésticas, que estão muito concentradas em segmentos como commodities e financeiro”, destaca.
Segundo o especialista da Nomad, o cenário também parece favorável para os ativos americanos em 2025. “A nova administração Trump promete reduzir os impostos corporativos e flexibilizar as regulamentações, o que também tende a estimular o mercado de capitais. da maior cautela em relação à tributação e ao ciclo de aumento da taxa Selic, que poderá estimular mais saídas de capitais no futuro, e reforçando a importância de manter a diversificação global na carteira”, finaliza Zogbi.
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