Filme brasiliense é selecionado para mostra de cinema em Berlim

Para o Correspondênciao assistente de direção Deni Moreira destaca os aprendizados que aprendeu após essa experiência. Trabalhar com atrizes mirins fez com que Deni lembrasse da importância de criar um espaço de diálogo mais sensível, onde as crianças pudessem se expressar livremente, respeitando o ritmo de cada uma. “Para mim, trabalhar com crianças como assistente de direção foi uma experiência transformadora e desafiadora. O universo infantil possui uma energia única, onde a imaginação e a autenticidade se encontram de forma pura e direta. Estar nesta função e neste espaço exigiu, acima de tudo, sensibilidade e paciência para criar um ambiente seguro e acolhedor”, afirma.

A trama sensível, aliada à fotografia delicada, dá vida a esta obra. As férias escolares são, em essência, momentos de descanso e diversão – principalmente para uma criança. Porém, nesta narrativa, os dois protagonistas se veem presos em um ambiente monótono: um hospital. Glória, interpretada pela jovem Laura Brandão, é uma menina de apenas 10 anos que se vê obrigada a acompanhar a mãe, a enfermeira interpretada pela atriz Larissa Mauro, durante os plantões no hospital. Os extensos corredores de espera tornam-se ponto de encontro de Glória e Sofia (Serena), que juntas enfrentam desafios e dores neste momento.

Para Isabella Baroz, atriz que interpreta Tereza no filme, a sessão em que o longa será exibido é a combinação perfeita, pois esse trabalho foi um intercâmbio entre o mundo infantil e o mundo adulto.” Sou uma pessoa que acredita em uma muito na juventude, nos novos ares e nos movimentos que eles geram é algo bonito de se ver, pois além de mostrar experiências juvenis, também estimula o diálogo entre crianças e jovens – entre si – e com outras faixas etárias. “, diz ele.

Deni vê a participação no festival como um marco para um artista; Estar presente em um dos palcos mais importantes do cinema mundial é motivo de orgulho para ele e para Brasília. “Para nós é uma oportunidade de dialogar com diferentes olhares, estilos e perspectivas. Além disso, é um momento de dar visibilidade à nossa cultura, às histórias que contamos, à nossa visão e perspectiva. Queremos mostrar ao mundo a riqueza do cinema brasileiro”, afirma.

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O interesse em participar de eventos como este e celebrar produções que conseguem chegar a lugares de prestígio é fundamental, principalmente dada a dificuldade de encontrar patrocínio ou financiamento para viabilizar projetos culturais no Brasil. “Para nós, artistas, buscar financiamento, patrocínio e participar de editais é quase tão desafiador quanto o próprio processo criativo. Muitas vezes gastamos mais tempo articulando formas de viabilizar nossos projetos. A concorrência é enorme e o processo exige grande preparação técnica e burocrática para a efetivação do projeto”, explica Deni.

Portanto, a equipe continua em busca de subsídios para alcançar esse feito, o crowdfunding online visa atingir o valor de R$ 30 mil para cobrir despesas com viagens e alimentação. Deni e Isabella se uniram para representar o Brasil em um importante evento, que marca não só suas vidas, mas também a história do cinema candango. “Sou uma mulher negra da periferia, criada em São Sebastião – DF, fiz todo o meu ensino regular nesta RA que me formou e da qual tenho muito orgulho de ser filha. Então, para mim, além de representar Brasília, é homenagear minha família, minha família, aqueles que vieram antes de mim”, afirma Isabella.