Mauricio Funes, primeiro presidente de esquerda de El Salvador (2009-2014), morreu nesta terça-feira (22/1) aos 65 anos na Nicarágua, para onde fugiu em 2016 após ser acusado de crimes de corrupção em seu país.
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“Infelizmente, o paciente cidadão Carlos Mauricio Funes Cartagena, ex-presidente de El Salvador, (…) faleceu”, anunciou o Ministério da Saúde da Nicarágua em nota publicada na mídia oficial 19digital.
Funes, que chegou ao poder através de uma coalizão liderada pela esquerdista Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), morreu às 21h35, horário local (00h35 em Brasília), “em consequência de uma grave doença crônica”. “, relatou o comunicado oficial.
As autoridades nicaragüenses não especificaram a causa, mas horas antes de anunciar a morte informaram que o estado de saúde do ex-presidente havia sido “agravado por doenças crônicas”.
Um funcionário da FMLN, que não quis ser identificado, disse à AFP que Funes sofria de “câncer de estômago”.
Escândalos de corrupção
Funes, jornalista de profissão e entrevistador incisivo num noticiário televisivo, concorreu às eleições de Março de 2009 e pôs fim a 20 anos de governo da direita Aliança Republicana Nacionalista (Arena).
Durante seu governo, promoveu programas sociais e, em nome do Estado salvadorenho, pediu perdão às vítimas do Exército durante a sangrenta guerra civil (1980-1992), que deixou mais de 75 mil mortos.
Mas acusado de desviar US$ 351 milhões (R$ 2,12 bilhões), entre outras acusações de corrupção durante seu governo, Funes fugiu em meados de 2016 para a Nicarágua, onde recebeu asilo. Três anos depois, o governo de Daniel Ortega concedeu-lhe a nacionalidade nicaraguense.
O ex-presidente salvadorenho tinha cinco processos criminais pendentes no sistema de justiça salvadorenho, incluindo um por peculato.
Em maio de 2023, foi condenado à revelia a 14 anos de prisão, acusado de fazer parte de grupos ilegais e de não conseguir fazer uma trégua com gangues para reduzir os homicídios no país.
Mais tarde, em junho de 2024, foi condenado à revelia a oito anos de prisão por lavagem de dinheiro, após ser considerado culpado de favorecer uma empresa guatemalteca na construção de uma ponte.
Em troca do favorecimento à concessão, o ex-presidente “recebeu de presente um pequeno avião”, disse na época a Procuradoria-Geral da República (FGR).
Sua ex-mulher, a brasileira Vanda Pignato, foi condenada a três anos de prisão em novembro de 2024 por um tribunal salvadorenho em um caso ligado a um desvio bilionário de recursos públicos.
Três ex-funcionários de Funes também foram condenados neste caso a penas entre oito e 14 anos de prisão, e Juan Guzmán, pai da companheira de Funes após seu divórcio de Pignato, foi condenado por lavagem de dinheiro.
Funes, que teve seis filhos, formou-se na Universidade Jesuíta Centro-Americana (UCA). Durante o conflito armado, perdeu o irmão mais velho, Roberto, líder estudantil assassinado pela então Polícia Nacional em 14 de agosto de 1980.
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