A mais recente atualização das políticas e diretrizes da Meta, empresa responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp, permite que os usuários pronunciem discursos de ódio e até criminosos, sem moderação direta.
Ao anunciar as mudanças, a bigtech afirmou que as regras anteriores eram muito severas e restringiam debates importantes “As metaplataformas são construídas para serem locais onde as pessoas possam se expressar livremente. Isso pode ser um pouco caótico. Em plataformas onde bilhões de pessoas podem ter voz, tudo o que é bom, ruim e feio fica exposto. Mas isso é liberdade de expressão”, escreveu ele.
Mudanças
O primeiro ponto a ser destacado entre as mudanças do Meta é a substituição do termo “discurso de ódio” por “conduta de ódio”. Os termos podem parecer iguais, mas não são. Enquanto o discurso se refere a manifestações preconceituosas, a conduta é uma ação criminosa que pode ser motivada por discursos.
Dentro desses fatores, a Meta estabelece o que chama de “características protegidas”, que são: raça, etnia, nacionalidade, deficiência, filiação religiosa, casta, orientação sexual, sexo, identidade de gênero e doenças graves.
Expressões removidas
Nas novas diretrizes, um fator de crítica foi a retirada de uma série de expressões que não poderiam ser utilizadas contra características protegidas. Frases como “eu odeio” ou “eu desprezo” agora não estão mais listadas.
Texto anterior apontava como conduta grave:
“Expressões de desprezo, exceto em contexto de rompimento romântico, e desgosto, que definimos como:
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Autoadmissão de intolerância com base em características protegidas, incluindo, mas não se limitando a: homofóbica, islamofóbica, racista.
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Expressões de ódio, incluindo, mas não se limitando a: “desprezo”, “odeio”, “não suporto”.
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Expressões de rejeição, incluindo, mas não se limitando a: “Não respeito”, “Não gosto”, “Não me importo”
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Expressões que sugerem que o alvo causa doenças, incluindo, mas não se limitando a: vômitos, vômitos.
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Expressões de nojo ou repulsa, incluindo, mas não se limitando a: vil, nojento, nojento.”
O trecho foi excluído e substituído por: “Expressões que sugerem que o alvo causa doenças, incluindo, mas não se limitando a, ‘me faça vomitar’.” Após a mudança, a agência verificadora Para os fatos realizou um experimento que consistiu em reportar, a partir de cinco perfis diferentes, a publicação de uma página neonazista que dizia “Odeio negros”. A publicação ainda estava no ar nesta segunda-feira (20/1), cinco dias após as denúncias terem sido feitas.
A nova versão também permite discursos de superioridade como “os homens são superiores às mulheres” ou “os brancos são superiores aos negros”. A nova regra também permite “alegações de doença ou anormalidade mental quando baseadas no gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade”.
Além de serem mais permissivas com discursos de ódio e insultos, as diretrizes permitem conteúdos que defendem a exclusão e segregação de determinadas classes. Em parte relativamente a este conteúdo, a Meta criou exceções que lhe permitem defender “limitações de género em empregos militares, policiais e docentes” e “com base na orientação sexual, quando o conteúdo é baseado em crenças religiosas”.
As novas diretrizes do Meta afirmam que “não é certo que coisas possam ser ditas na TV ou no plenário do Congresso, mas não nas nossas plataformas”. Segundo a empresa, as novas regras favorecem a liberdade de expressão e o livre debate.
Quando contatado, Meta respondeu com link que leva a um editorial que explica as mudançasintitulado “Mais expressão e menos erros”.
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