Centenas de migrantes bloqueados no sul do México optaram por procurar refúgio neste país, na sequência da decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de cancelar um programa que lhes permitia obter asilo.
Muitos deles, vindos de países latino-americanos, já haviam agendado ou buscado datas para entrevistas de pedidos de asilo por meio do aplicativo para celular CBP One, mas a plataforma foi desativada assim que Trump assumiu o cargo, na segunda-feira.
Relutantes em regressar aos seus locais de origem, onde fugiram da pobreza, da violência ou da perseguição política, centenas de pessoas começaram a solicitar proteção ao México na cidade de Tapachula (Chiapas, fronteira sul com a Guatemala).
“Não posso voltar ao meu país porque sou perseguido politicamente. Tenho problemas lá por causa da política e voltar ao meu país significa morrer”, disse à AFP o venezuelano Engelber Vázquez, 42 anos, nesta quarta-feira (22), em uma longa fila. perante a Comissão Mexicana de Ajuda aos Refugiados (Comar).
Vázquez garante que está na mira das autoridades venezuelanas por participar nos protestos contra a reeleição de Nicolás Maduro no ano passado, que a oposição e vários governos consideram fraudulentos.
Também na fila estava o hondurenho Carlos Alfredo Maduro, de 34 anos e que chegou ao México há três meses.
“O CBP One foi cancelado e o que vamos fazer agora é […] peça refúgio aqui, porque muitos de nós, migrantes, não queremos regressar ao nosso país. O México me procurou”, disse ele.
Além de anular o CBP One, Trump anunciou que irá deportar milhões de migrantes que residem ilegalmente nos Estados Unidos e ordenou o aumento da segurança na fronteira com mais 1.500 militares.
O magnata republicano também reativou o programa “Fique no México”, que obriga os migrantes a esperar que os seus casos sejam resolvidos do outro lado da linha divisória de 3.100 quilómetros.
Por sua vez, a presidente mexicana Claudia Sheinbaum abriu a possibilidade de regularizar os migrantes estrangeiros ou repatriá-los se estes concordarem.
O México concedeu refúgio a quase 23 mil estrangeiros entre janeiro e novembro de 2024, segundo dados oficiais.
Esta segunda-feira, a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou em comunicado que a eliminação do CPB One é uma medida “irresponsável” que deixa os migrantes expostos a “maiores perigos” numa rota onde “a violência é extrema”.
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