Por Ana Mendonça e Vinicius Prates – O governador Romeu Zema (Novo) endureceu o tom contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira (23/1), em Guaxupé, no sul de Minas. Durante entrevista coletiva, Zema retomou as críticas à duplicação da BR-381, medida que, segundo ele, é uma promessa repetida das gestões federais e segue sem avanços. A questão tem sido um dos principais pontos de atrito entre o governador e o presidente, alimentando uma série de farpas públicas.
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Zema também aproveitou para alfinetar Lula sobre o Programa de Pagamento da Dívida dos Estados (Propag), insinuando que o governo federal não entende a realidade dos estados mais endividados. “Tivemos a aprovação da Propag, proposta pelo senador Rodrigo Pacheco. Mas, em alguns aspectos, o regime anterior era mais vantajoso. Estados exportadores, como Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, sofrem com contas que não fecham. Talvez falte mais ligação ao governo federal com essa realidade”, afirmou o governador.
Sobre a BR-381, conhecida como “rodovia da morte”, Zema reiterou sua insatisfação com o histórico de promessas não cumpridas: “Esse projeto já foi anunciado por diversas gestões federais, mas nunca saiu do papel. Quando a duplicação realmente começar, estarei lá para cumprimentá-los pessoalmente. Até então, prefiro resultados a discursos. Espero que, desta vez, a promessa se concretize e Minas Gerais veja um problema histórico resolvido.”
Ausência em evento e troca de farpas
A ausência de Zema no evento de assinatura do contrato de concessão rodoviária, na quarta-feira (22/1), foi criticada por Lula. Durante a solenidade, o presidente afirmou que Zema deveria reconhecer o esforço do governo federal para resolver questões estruturais dos estados: “O governador de Minas deveria vir aqui e me dar um troféu por ser o primeiro presidente que não vetou nada de nenhum governador ou prefeito, mesmo sendo da oposição.”
Em resposta, Zema utilizou as redes sociais para minimizar a relevância do evento, classificando-o como “burocrático”. “O PT prometeu esse mesmo trabalho durante 188 meses de governo e não cumpriu. Quando houver máquinas na pista ou aberturas de trechos, estarei presente. Meu foco é trabalhar, não perder tempo com eventos formais”, publicou.
A disputa verbal envolveu também o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em relação aos vetos presidenciais à Lei Complementar 212/2025, que regulamenta a Propag. Zema pediu apoio dos parlamentares para derrubar os vetos e trazer mais previsibilidade fiscal ao estado.
A afirmação mais polêmica, porém, veio de Lula, que comparou a Propag ao que “Jesus Cristo faria se fosse presidente”. Zema rebateu: “Jesus Cristo perdoaria todas as dívidas e jamais cobraria juros abusivos de quem ajuda a construir o Brasil”.
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