Porto Alegre – O vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Cláudio Bier, tem um forte argumento para que o governo federal invista pesadamente na reconstrução do Rio Grande do Sul: é onde estão 65% das máquinas e Os implementos são provenientes do agronegócio — motor da balança comercial brasileira. Segundo o empresário, a enchente causou prejuízos ainda difíceis de calcular, mas só com abundância de recursos e instalações será possível preservar a cadeia produtiva e os empregos. Bier avalia que todos os contatos com interlocutores do governo federal têm sido positivos, mas reforça que agora é o momento de acelerar a chegada de recursos e facilitar o acesso ao dinheiro. Abaixo estão os principais pontos da entrevista.
Já houve tempo de calcular o prejuízo da indústria gaúcha?
Estamos passando por uma fase que nunca vimos. Temos empresas submersas, muitas perderam seus estoques, parcial ou totalmente, e aquelas que não perderam suas instalações com as enchentes não conseguem receber insumos. Quase 90% da produção industrial gaúcha está paralisada por conta da logística do estado, o que é crítico.
O governo liberou há poucos dias cerca de R$ 62 bilhões para empresas gaúchas. Mas ainda há muitas reclamações sobre pedidos relacionados às enchentes de 2023 que não foram atendidos…
Não pode ser assim. Agora é hora do governo (federal) acreditar na comunidade empresarial e colocar dinheiro nas empresas para substituir estoques e máquinas e garantir empregos.
O pacote de crédito é suficiente?
Atende a nossa necessidade, mas o que pedimos é que chegue diretamente aos empresários através do governo, que esse recurso vá do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) diretamente para as empresas que precisam. Para pensar em crescimento, precisamos recuperar as plantas industriais do estado —não há como crescer se o empresário não conseguir recuperar a atividade. Acredito que se todo esse dinheiro realmente vier, o Rio Grande do Sul poderá se recuperar em um ano. É importante lembrar que no segmento metalmecânico o estado representa 65% da fabricação de todas as máquinas e implementos agrícolas do Brasil. A agricultura do país precisa da nossa indústria.
A indústria da construção deve crescer?
Sim, a construção civil está muito bem coberta. Mas, para funcionar, precisa da empresa que faz a porta, que faz o vaso sanitário, o arame, os canos… Tudo tem outras indústrias por trás. A construção precisará de tijolos e cimento. Se toda a cadeia industrial não for forte, não adiantará nada.
Como você tem visto as respostas dos governos federal e estadual à crise?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve aqui três vezes nos últimos dias. Não posso dizer que o que ele prometeu não aconteceu. O governo do Rio Grande do Sul também ajudou na revogação de uma medida que onerava os produtos da cesta básica, o que poderia ter grande impacto nas indústrias que trabalham com produtos dessa área.
Você não está sendo muito otimista? Afinal, promessas existem, mas recursos ainda chegam…
Sou otimista, sempre vejo o copo meio cheio. Agora, o Rio Grande precisa ser pensado de uma forma totalmente diferente. Não podemos, por exemplo, reconstruir loteamentos em áreas inundadas. Precisamos encontrar novas áreas, mas para isso precisamos de licenças rápidas e agilidade na burocracia. Hoje, quando fazemos um projeto de loteamento, as licenças demoram em média dois anos. Durante esse período, onde morarão todas essas pessoas? Agora é a hora de fazer isso e deixar a fiscalização para depois.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
globo notícias de hoje
entretenimento
www uol
logo whatsapp
global vip