O caso de Sônia Maria de Jesus, uma mulher negra de 51 anos, surda, não literato, resgatada após 40 anos, trabalhando na residência do juiz Jorge Luiz de Borba, Florianópolis (SC), em condições análogas à escravidão não parecem ser graves o suficiente para um maior endurecimento das leis relacionadas ao assunto. O senador Zenaide Maia (PSD-RN), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, é uma das poucas vozes do Congresso a coletar um desempenho mais vigoroso de instituições como o Ministério do Trabalho, o Serviço de Promotoria Pública, Juízes, Parlamentares e governantes para erradicar o trabalho escravo.
“O Parlamento pode começar a endurecer as leis e criar instrumentos de pesquisa mais e eficientes para combater o sistema de trabalho análogo à escravidão”, disse ele. Zenaide lembra que o Brasil carrega uma dívida histórica com os negros, depois de condená -la a 388 anos de escravidão “legalizada”. Ela ressalta que o país foi o último do mundo a abolir oficialmente a escravidão, mas adverte que as práticas análogas ainda persistem.
Em relação ao caso em torno de Sônia Maria de Jesus, o parlamentar disse que é “revoltante que um funcionário público, pago a todos nós e tem o dever de defender a justiça e os direitos humanos, está envolvido nesse tipo de crime. Enquanto houver trabalho escravo, não haverá democracia. Eles foram torturados e perseguidos por mais de 500 anos desde que este país foi invadido pelos europeus ”, ele criticou.
Siga o canal de correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
O deputado federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) é, até agora, o único parlamentar da Câmara que se manifestou publicamente contra a situação de Sonia. Desde o resgate em junho de 2023, ela lidera os esforços para dar visibilidade ao caso e exigir respostas das autoridades.
Em 2023, Sâmia realizou uma audiência pública para discutir a história de Sonia, na qual ouviu parentes dos domésticos e especialistas. “É um caso absurdo que precisa de visibilidade para a justiça. É inadmissível para o Brasil permitir que uma mulher negra, pobre e com deficiência seja submetida a tal exploração por tantos anos ”, afirmou.
O coordenador geral de combater o trabalho escravo do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Paulo César Funghi, disse que sua equipe está comprometida em reverter a situação de Sonia e a velocidade exigente no julgamento do caso. “Pretendo oficializar os documentos cobrando a solução deste caso. É urgente que a justiça brasileira age com responsabilidade para corrigir essa violação dos direitos humanos ”, observou ele.
Funghi também afirmou que o caso de Sonia será um marco para sua administração, que trabalha na conclusão do Plano Nacional II para a erradicação do trabalho escravo. “É obsoleto porque possui mais de 15 anos de existência e precisamos de medidas mais eficazes e atualizadas. Resolver o caso de Sônia é uma questão simbólica, pois abre as falhas do sistema ”, afirmou.
Síndrome de Estocolmo
A psicóloga Carol Freitas explicou que o fato de Sônia Maria de Jesus concordar em retornar à casa de seu ator, mesmo depois de ser resgatada, ocorreu pela falta de autonomia e vulnerabilidade em relação a suas próprias decisões. “É possível que tenha desenvolvido a síndrome de Estocolmo – uma resposta psicológica na qual a pessoa que foi sequestrada e mantida em cativeiro se sente afinidade, empatia e até amor pelo agressor. As relações de dominação e poder podem levar o indivíduo a desenvolver a identificação com o agressor. ” , ele disse.
Carol disse que, em casos como esse, a vítima pode notar o agressor como uma figura protetora, especialmente quando há períodos intermitentes de bondade. Isso resulta em uma dependência emocional, pela qual a vítima acredita que a sobrevivência depende da manutenção desse vínculo.
Para o historiador e filósofo Afrânio Gonçalves Castro, professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), o caso da Sônia é um reflexo das falhas sistêmicas que perpetuam o trabalho de escravo doméstico no Brasil. Ele ressalta que a persistência do problema indica a necessidade de melhorar a inspeção, garantir a punição dos infratores e fortalecer as políticas de proteção para as vítimas. “Pessoas sem perspectiva futura acabam se tornando fáceis de vítimas de falsas promessas”, explicou.
O jurista Beethoven Andrade, ex -presidente da Comissão de Igualdade Racial da Associação Brasileira de Advogados da Associação de Advogados Brasileiros, disse que o caso da Sônia apresenta riscos legais ao direito de personalidade das pessoas resgatadas. “Esse comportamento era comum no passado, quando o trabalho doméstico não remunerado estava com pouca luta, em troca de comida e cama para dormir. Isso não é mais apropriado, mesmo que haja vínculo pessoal de coexistência”, disse ele.
O advogado do trabalho, Eduardo Flype Moraes, lembra que “esse discurso de que o trabalhador” é como membro da família “não isenta o empregador de fornecer condições decentes de trabalho aos funcionários”.
Refletex do racismo
O trabalho de escravo no Brasil está diretamente ligado ao racismo. O consenso sobre isso foi expresso ontem em um debate promovido pelo promotor trabalhista do Distrito Federal e Tocantins (MPDFT), que reuniu entidades civis e movimentos sociais não apenas para se lembrar do dia nacional de combater o trabalho de escravo, que é hoje, mas também discutir esforços e avanços na luta contra a degradação e submissão de um ser humano a outro.
Lys Sobral Cardoso, promotor da MPDFT, explicou a história por trás de 28 de janeiro. Em 2004, houve uma inspeção para combater o trabalho escravo em Unaí (MG) que terminou em um massacre. Três auditores de impostos trabalhistas e o motorista do Ministério do Trabalho foram assassinados. Os irmãos Antériio e Noberto Mânica foram nomeados como mentor do crime – acabaram condenados e presos.
Para o pesquisador do trabalho do grupo de pesquisa e a teoria social da Universidade de Brasília (UNB) e Militant of the Black Movement, Brenna Vilanova, “A escravidão contemporânea é uma continuidade da escravidão colonial. O trabalho análogo que vemos atualmente é racial, mais do que 80% das pessoas resgatadas são negras “, observou ele.
A promotora -chefe da MPDFT, Paula de Ávila, chamou a atenção para o fato de que há um aumento nos casos de trabalho de escravos em casas domésticas envolvendo funcionários domésticos. “O Brasil é o país que a maioria emprega trabalhadores domésticos. A idéia de seminários como esse é levar a questão doméstica no trabalho de escravos a um debate e reduzir esse crime”, disse ele.
Valdirene Boaventura, 47, se encaixa nesse perfil. Ele viveu a infância e a adolescência como doméstico no interior da Bahia. Ele começou a trabalhar aos oito anos de idade e, nesse longo período de trabalho análogo à escravidão, sofreu abuso físico e sexual.
“Quando meu pai abandonou minha mãe com cinco filhos, minhas irmãs e eu fomos entregues às famílias com a promessa de que brincaríamos e estudaríamos. A realidade era diferente. Se você me perguntar o que é brincar com bonecas, eu não Eu sei responder “, ele lamenta.
Aos 12 anos, Valdirene foi estuprada e saiu de casa em que estava. “O empregador me levou para a casa de minha mãe, mas eu não sabia o que era pior: se a violência que na casa do chefe ou a que vi no meu Mãe.
Mesmo após a fuga para Salvador, Valdirene viveu a rotina da violência. Após 30 anos, ele continua a trabalhar como empregada, mas se tornou uma união da categoria e se dedica a ajudar aqueles na mesma situação. “Quando ouvimos as histórias das criadas que moravam em trabalho escravo, ele vê que é a mesma história”, alerta.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
ra soluções financeiras
blue cartao
empresa de crédito consignado
download picpay
brx br
whatsapp bleu
cartão consignado pan como funciona
simulador crédito consignado
como funciona o cartão consignado pan
ajuda picpay.com