A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou, na noite desta sexta-feira (31/5), a oitava morte por leptospirose relacionada às enchentes no estado. O registro se refere a um homem de 31 anos, morador do município de São Leopoldo (RS), que ficou exposto por muito tempo a água contaminada. O resultado positivo da amostra foi confirmado após análise no Laboratório Central do Estado (Lacen-RS), em Porto Alegre.
Segundo boletim epidemiológico do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), da Secretaria de Estado de Saúde, mais 12 óbitos estão em investigação. Devido às enchentes, foram notificados 2.548 casos da doença, dos quais 148 (5,8%) foram confirmados.
leptospirose
Uma doença bacteriana infecciosa aguda é transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de animais infectados (principalmente ratos), em contato com a pele e mucosas. A bactéria pode estar presente em água ou lama contaminada, e as inundações aumentam a chance de infecção entre a população exposta. A água nas regiões inundadas pode se misturar com o esgoto.
Os sintomas normalmente aparecem de cinco a 14 dias após a contaminação e podem durar até 30 dias. As principais são febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (principalmente na panturrilha) e calafrios. A orientação é que a população procure um serviço de saúde na primeira manifestação. Nos municípios sem serviços de saúde disponíveis, as pessoas devem procurar qualquer profissional de saúde em abrigos, albergues ou academias.
A Secretaria de Saúde do estado alerta para outros sintomas que devem ser observados pelos profissionais de saúde, como tosse, falta de ar ou respiração rápida, alterações urinárias, vômitos frequentes, icterícia, expectoração com presença de sangue, arritmias, alterações no nível de consciência .
A doença tem alta incidência em determinadas áreas, além do risco de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves.
Medidas preventivas
Os cidadãos devem evitar caminhar, nadar e tomar banho nas águas das enchentes. Caso o contato com água, lama de enchente e esgoto, que possam estar contaminados, seja inevitável, a pessoa deverá usar luvas, botas de borracha ou calçados impermeáveis. Se esses itens não estiverem disponíveis, use sacos plásticos duplos sobre os sapatos e as mãos.
Ninguém deve beber água ou alimentos que possam ter sido infectados pelas enchentes.
Caso haja cortes ou arranhões na pele, as pessoas devem evitar o contato com água contaminada e usar curativos nas feridas.
Caso você tenha contato com água ou lama e apresente sintomas como dores de cabeça, dores musculares, febre, náuseas e falta de apetite, deve procurar atendimento médico.
Suspeitos com sintomas compatíveis com leptospirose e provenientes de áreas alagadas devem iniciar tratamento medicamentoso imediato e coletar amostra – a partir do 7º dia após o início dos sintomas. O material deverá ser enviado exclusivamente ao Laboratório Central do Estado.
A secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, em vídeo divulgado nas redes sociais, orientou a população. “Você entrou na lama, andou na água da enchente e está com sintomas de leptospirose? Procure atendimento de saúde, pois há tratamento e temos medicação suficiente. O tratamento não pode esperar, não fique em casa pensando que vai passar, pois isso pode se transformar em uma doença grave.”
Diretrizes
A Secretaria de Saúde do estado publicou a primeira versão do Comunicado de Risco – Leptospirose e Acidentes com Animais Peçonhentoscom reforço e atenção aos sintomas e indicações de coletas para análises laboratoriais.
A secretaria também disponibilizou aos gestores e profissionais de saúde o Guia rápido de referências para vigilância, que inclui informações como manifestações clínicas, diagnósticos e condutas diante dos casos suspeitos.
A versão atualizada e revisada do Guia Básico sobre riscos e cuidados de saúde após enchentes também foi publicado na internet pela Secretaria de Saúde. O documento fornece informações à população em geral e aos profissionais de saúde sobre diversas doenças e suas medidas de prevenção, limpeza e higienização de residências, quintais, roupas e alimentos.
Entre as outras doenças destacadas estão o tétano, a hepatite A, a raiva, os acidentes com animais peçonhentos e as doenças diarreicas, outros problemas que se agravam em situações de enchentes.
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