O delegado e ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, afirmou, durante depoimento prestado à Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (3/6), que não conhecia os irmãos Brazão ou qualquer pessoa ligada ao eles, e que não participou de nenhuma conspiração para matar a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSol).
Em mais de três horas de depoimento, Rivaldo disse à PF que os nomes do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) e de seu irmão, o conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), Domingos Brazão —ambos presos em março, acusados de terem ordenado o assassinato do vereador—, apareceu na investigação um mês depois do crime, mas afirmou que não agiu para atrapalhar as investigações.
Ainda durante o depoimento, o delegado teria afirmado que Ronnie Lessa o mencionou nos relatórios da delação premiada como forma de vingança por ter sido preso. De acordo com informações do G1Rivaldo teria dito ter sido vítima de uma armação do ex-policial militar —que confessou ser o executor testamenteiro de Marielle e o motorista Anderson Gomes.
O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a realização da sabatina após Rivaldo enviar ao ministro Alexandre de Moraes uma nota na qual implorava “pelo amor de Deus” para ser ouvido. Segundo os advogados de defesa do delegado, Marcelo Ferreira e Felipe Dalleprane, o depoimento de hoje reforçou a posição da defesa. No momento em que a audiência foi autorizada, já haviam descartado a possibilidade de fazer acordo de delação premiada —justificaram dizendo que “a delação premiada pressupõe a admissão de crime”.
Rivaldo Barbosa está preso desde 24 de março na Penitenciária Federal de Brasília, suspeito de participar do planejamento do crime e atrapalhar o andamento das investigações. Assim como os irmãos Brazão —ambos presos no mesmo dia do delegado—, o delegado foi citado por Ronnie Lessa em delação premiada aprovada pelo STF, em março. Na época, Lessa afirmou que Rivaldo agiu para proteger ele e seus irmãos da investigação após o assassinato.
Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil do RJ às vésperas do assassinato de Marielle e Anderson. No dia seguinte ao crime, ele nomeou o delegado Giniton Lages para comandar a Delegacia de Homicídios (DH). Segundo o relatório da PF, foi a escolha de um “homem de confiança” que possibilitou a realização dos trabalhos de sabotagem na investigação.
*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori
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