Uma pesquisa realizada entre centenas de presos ligados ao mercado ilegal de cigarros mostrou que, para 76,2% deles, uma revisão dos impostos sobre cigarros ajudaria a reduzir o contrabando desse produto. Os dados foram apresentados pelo economista Pery Shikida, professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), nesta quarta-feira (5/6).
Segundo o estudo, mais de 70% dos reclusos que responderam afirmativamente à questão anterior consideram que aproximar o preço dos cigarros nacionais legais do dos cigarros ilícitos resultaria numa simples transferência do consumo do ilegal para o legal, sem aumentos.
Para Shikida, esse é um ponto que requer a atenção do Ministério da Saúde, que costuma argumentar que uma redução na tributação desse produto — e uma consequente redução nos preços — resultaria no aumento do consumo em geral. “Não haveria, em hipótese alguma, aumento do consumo. Migraria do setor ilícito para o setor lícito. Só isso”, argumentou Pery.
O economista participou nesta quarta-feira (5/6) do Fórum CB: Impacto da Reforma Tributária na Economia e na Segurança Pública, evento realizado por Correio Brazilienseem parceria com o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), que reuniu autoridades e especialistas para discutir o combate à pirataria.
Assista ao vídeo abaixo:
Ao explicar que os contrabandistas de cigarros do Paraguai têm 95% de chance de conseguir introduzir o produto no mercado brasileiro, o professor argumentou que entender a visão dessas pessoas, diariamente imersas nessa realidade, é crucial para o debate sobre a revisão fiscal deste produto.
“Perguntamos aos presos, às pessoas que lidam com isso. Estamos conversando com especialistas, deputados e outros, mas perguntamos a quem trabalha nesta área, e também já trabalhou. A maioria aqui não são contrabandistas, apenas 2% estão presos, porque perderam a condição de primários (réus) – os restantes prestam serviços ou dinheiro”, afirmou.
Ainda segundo a pesquisa, enquanto 80,9% dos entrevistados afirmaram que as organizações criminosas estão relacionadas ao contrabando de cigarros, 73,3% deles afirmaram que essas organizações dominam o mercado ilegal. Para Shikida, o sucesso do contrabando é lucrativo e convidativo, o que resulta na cooptação de crianças e na inversão de valores morais.
“Há envolvimento do crime organizado neste negócio, que é altamente rentável. Estimo que a renda média mensal de um contrabandista de cigarros seja de R$ 20 mil. No tráfico são R$ 47 mil por mês. (Por esse motivo) Há cooptação de crianças e adolescentes para trabalharem nesta atividade e também mudanças nos padrões morais. Essas pessoas que vamos entrevistar dizem ‘não, professor, eu só estava contrabandeando cigarros. Não é tráfico. Portanto, os princípios morais e éticos estão mudando.”
*Estagiário sob supervisão de Andreia Castro
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
whatsapp bmg
empréstimo bmg whatsapp
refinanciamento bmg
bmg itaú
banco bmg emprestimos
empréstimo banco bmg
banco bmg telefone
banco bmg emprestimo