Há dois anos, no dia 5 de junho, o indígena Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Philips foram assassinados no Vale do Javari, terra indígena no oeste do Amazonas, enquanto coletavam entrevistas para um livro sobre a Amazônia e seu povo. Em memória de Bruno e Dom, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e o Ministério dos Povos Indígenas promoveram cerimônia nesta quarta-feira (5/6).
Antes da cerimônia, foi inaugurada uma projeção no prédio do Ministério dos Direitos Humanos com fotos dos dois profissionais ao lado da frase “a luta pelo Vale do Javari continua”.
A homenagem seguiu então para o Memorial dos Povos Indígenas, com a presença da Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida, do presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, e outras autoridades, incluindo os povos indígenas do Vale do Javari.
“Estamos empenhados em fazer com que o legado, a memória [indígena]para que seja feita justiça a esse crime bárbaro cometido contra Dom Philips e Bruno Pereira”, disse a ministra Sonia Guajajara. “[Esse crime] afetou não apenas suas famílias e os povos indígenas brasileiros, mas foi um ataque direto à democracia brasileira e à segurança dos povos indígenas”, acrescentou.
A ministra Marina Silva afirmou que o dia 5 de junho traz para ela sentimentos conflitantes: alegria, já que na data também é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, mas tristeza pelo assassinato de Dom e Bruno. “Acompanho essa história há muito tempo. Desde os 19 anos, vejo [pessoas] vidas perdidas, primeiro foi o Chico Mendes, depois o Wilson Pinheiro, o Evangino, o Jonas… Essas pessoas estão comigo”, enfatizou o ministro.
Em sua fala, o ministro Sílvio Almeida defendeu que o ato de homenagear os dois profissionais durante a cerimônia é uma ação política. Para o Correspondência, destacou que Dom e Bruno são exemplo para todo o Brasil. “Foi uma cerimônia que marca a posição do Estado brasileiro em favor da defesa dos direitos humanos, resgatando principalmente a memória de dois personagens muito importantes da nossa história recente que se tornaram famosos por sua luta pelos direitos dos povos indígenas, estabelecendo um exemplo para todo o país”.
O processo judicial contra os cinco suspeitos de homicídio e ocultação dos corpos de Dom e Bruno está em andamento. Porém, a subseção do Judiciário Federal de Tabatinga (AM) ainda não marcou o julgamento dos três principais réus, indiciados pelo Ministério Público em julho de 2022.
Confira a projeção no Ministério dos Direitos Humanos
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