Uma frota naval russoincluindo um submarino nuclear, chegou nesta quarta-feira (6/12) ao porto de Havana, em Cuba, onde as embarcações permanecerão por quatro dias, conforme anunciado pelos dois países.
São quatro navios de guerra da Frota do Norte, explicou o comandante-chefe da Marinha Russa, Alexander Moiseev.
Muito Cuba como a Rússia afirmam que esta operação naval demonstra “as relações amistosas históricas” e ocorre no “âmbito de cooperação” que existe entre os países.
Todos os navios passaram pela costa leste da Flórida, nos Estados Unidos, a caminho do porto de Cuba e atualmente estão a apenas 145 km do território americano.
Por esta razão, as embarcações aéreas e navais americanas monitoram as embarcações.
A chegada destes navios ocorre num momento de tensão entre Moscovo e Washington devido à guerra na Ucrânia.
Esta semana, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que poderia tomar medidas se os países ocidentais fornecessem armas à Ucrânia para uso em solo russo.
No final de maio, a administração de Joe Biden autorizou o uso de armas americanas pelas forças ucranianas contra alvos na Rússia.
A condição é que só possam ser utilizados em zonas fronteiriças de onde a Rússia lançou ataques contra a Ucrânia.
Mas, apesar da escalada da tensão, há vários detalhes na chegada de Navios russos para Cuba o que indica que não passa de uma “manobra de propaganda”, como indicou o chefe do serviço russo da BBC, Famil Ismailov.
Sem armas nucleares
O grupo de navios da Frota do Norte é formado pela fragata Almirante Gorshkov, que transporta mísseis de precisão de longo alcance, pelo petroleiro Akademik Pashin e pelo rebocador de resgate Nikolai Chiker, equipado com heliporto.
Há também o submarino nuclear Kazan, que faz parte da frota desde 2021.
No entanto, este submarino não transporta armas nucleares, conforme relatado pela Rússia.
“É interessante que a Rússia tenha enfatizado isso, que não há armas nucleares nesta frota. É uma indicação de que não tem intenção de aumentar o armamento”, diz Ismailov.
O governo russo disse que a frota já havia realizado exercícios navais no Oceano Atlântico.
Eles treinaram “o uso de armas de mísseis de alta precisão usando modelos computacionais contra alvos navais representativos de grupos navais inimigos convencionais e localizados a uma distância de mais de 600 km”, bem como “treinamento para repelir um ataque aéreo”.
O governo americano afirmou que as forças do país monitoram todos esses movimentos, mas que a chegada das embarcações a Havana não é considerada uma ameaça.
“Os destacamentos da Rússia fazem parte da atividade naval de rotina e não estamos preocupados, eles não representam uma ameaça direta aos Estados Unidos”, disse um porta-voz de Washington.
“Não é uma coincidência. É um claro movimento de propaganda da Rússia para deixar algo claro: ‘Apoiamos você (Cuba) no ‘quintal’ dos Estados Unidos'”, enfatiza Ismailov.
Por sua vez, Ricardo Herrero, diretor executivo do Grupo de Estudos Cubanos que promove uma maior aproximação entre os EUA e Cuba, expressou no X (antigo Twitter) que a visita naval russa a Havana seria de “pouca preocupação” para o Departamento de Defesa em Washington.
“Mas politicamente isto mergulha as relações bilaterais num buraco mais profundo”, acrescentou.
Uma mensagem de propaganda
“Há uma distância enorme entre a Rússia e Cuba. É muito distante e todo esse movimento demora muito para ser visto como uma resposta (à decisão dos EUA de autorizar o uso de suas armas contra alvos na Rússia)”, diz Famil Ismailov.
Em meados de maio, o Ministério da Defesa russo informou que um destacamento de três navios da Frota do Norte fez uma longa viagem a partir de Severomorsk (no Mar de Barents) – à qual mais tarde se juntou o submarino nuclear.
Esta semana, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrila, viajou a Moscou, onde se encontrou com seu homólogo russo, Sergei Lavrov.
“Estamos no caminho de fortalecer o nosso diálogo político e de trabalhar em impulsos para estimular a economia cubana”, disse Lavrov durante uma conferência de imprensa conjunta esta quarta-feira.
Em julho de 2024, um navio-escola da Marinha Russa, o Perekop, também chegou à costa de Cuba.
Foi a primeira visita oficial de um navio de guerra russo à ilha em muitos anos e fez parte de uma nova etapa nas relações entre os dois aliados históricos da era da Guerra Fria, que veio paralelamente ou em complemento a vários acordos económicos.
Da ilha caribenha, segundo militares americanos, é possível que o grupo naval siga em direção a outro aliado russo na região: a Venezuela.
“É o mesmo tipo de movimento, a mesma coisa. A Venezuela é amiga de longa data da Rússia”, disse o chefe do serviço russo da BBC.
“A Rússia não é uma ameaça em termos de força naval. Não está em posição de ameaçar os interesses dos Estados Unidos na área”, acrescentou.
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