As pesquisas brasileiras pelo termo ‘mudanças climáticas’ no Google quase dobraram no mês passado, em comparação com maio de 2023. Enquanto o país assistia ao tragédia no Rio Grande do Sul subida, iniciou-se também um movimento em busca de algumas respostas.
Dentro deste tema, a questão ‘como evitar mudanças climáticas?’ foi o mais buscado em maio, segundo análise exclusiva feita pelo Google Trends a pedido da BBC News Brasil.
A análise revela que, enquanto em todo o país o termo ‘mudanças climáticas’ cresceu 90%, no Rio Grande do Sul a busca por essas duas palavras cresceu 200%. Curiosamente, no Distrito Federal houve o mesmo registro de busca registrado no estado do Rio Grande do Sul.
Para Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a pesquisa aponta para o despertar da população para uma questão emergencial. “É óbvio que a população em geral percebeu que enfrentamos uma situação de alto risco numa perspetiva de emergência climática”, afirma.
“As pessoas indicam um problema e querem imediatamente uma solução”, diz Artaxo. “Mas a resposta não é simples, trivial ou imediata como a maioria das pessoas gostaria que fosse.”
Em termos mais locais, o Google Trends levantou um índice de interesse de busca pelo termo ‘mudanças climáticas’ por estado. O Pará, que historicamente divide a liderança com Mato Grosso entre as unidades federativas que mais registram áreas de desmatamento, está no topo da lista de interesse, seguido por Amapá, Paraíba, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Roraima ficou em último lugar.
O climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP, afirma que é difícil encontrar nas pesquisas uma explicação completa para esse fenômeno. Ele concorda com Artaxo, quanto à ligação com a catástrofe ocorrida no Rio Grande do Sul, mas considera que outras calamidades já ocorriam sem que a população necessariamente acordasse para o assunto.
“Há décadas que alertamos sobre esses riscos”, diz ele. “Ano passado, em São Sebastião [litoral norte de São Paulo], choveu mais de 600 milímetros em um dia, mais de 60 pessoas morreram. Em fevereiro de 2022, mais de 200 pessoas morreram em Petrópolis [região serrana do Rio de Janeiro] por causa da chuva”, diz.
Nobre lembra, porém, que o desastre no Rio Grande do Sul teve uma escala espacial maior, pois atingiu a maioria dos municípios do estado. “Eu diria que um dos motivos dessas buscas é que, de repente, a população não aceita mais isso como algo natural”, diz Nobre, que foi um dos autores do Quarto Relatório do IPCC, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007 por alertar sobre os riscos do aquecimento global.
O cenário é tão preocupante que até o termo ‘mudanças climáticas’, atualmente pesquisa recorde, já está obsoleto. “Não usamos mais esse termo”, diz Nobre. “Falamos de uma emergência climática, porque agora é uma emergência gigantesca.”
A redução das emissões de poluentes estaria no topo desta resposta complexa que tantos brasileiros pesquisaram no Google no mês passado. E isso, como destaca Artaxo, depende de políticas globais. “Não adianta só o Brasil reduzir”, diz.
Mas também existem medidas que podem ser tomadas numa base mais local. Artaxo destaca que é necessário um grande esforço para identificar nos municípios quais são os principais problemas em cada aspecto dentro do tema mudanças climáticas. Secas, inundações e perdas de biodiversidade são algumas delas. “E temos que lidar com todos esses problemas simultaneamente”, destaca.
“Teremos que nos adaptar ao novo clima”, afirma Artaxo. “Isso está cada vez mais claro. Não temos alternativa.”
Ações locais
Artaxo cita a Holanda como um dos exemplos de ações locais tomadas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. “Desde a década de 1950, os holandeses têm, por exemplo, aumentado a altura dos seus conveses para se protegerem da subida do nível do mar”, explica.
Em abril, o Governo Federal atualizou os critérios para identificação de 1.942 municípios mais suscetíveis à ocorrência de deslizamentos, alagamentos e inundações. O documento, elaborado pela Secretaria Especial de Articulação e Acompanhamento, vinculada à Casa Civil, aponta que essas cidades devem ser priorizadas nas ações da União na gestão de riscos e desastres naturais.
Utilizando uma série de critérios, como quantidade de chuvas por ano, casos de desastres naturais nos últimos vinte anos e percentual da população em áreas identificadas como de risco, o levantamento foi solicitado pelo governo devido às obras previstas para o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Segundo o levantamento, os estados com maior proporção de população em áreas de risco são Bahia (17%), Espírito Santo (14%) e Pernambuco (11,6%). As unidades da federação com população mais protegida contra desastres são o Distrito Federal (0,1%); Goiás (0,2%), Mato Grosso (0,3%) e Paraná (1%).
“Precisamos de políticas públicas fortes e imediatas que tenham grandes implicações”, afirma Artaxo. “Obviamente este é um tema que deveria estar na ordem do dia no debate eleitoral deste ano.”
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
como fazer emprestimo consignado auxilio brasil
whatsapp apk blue
simular site
consignado auxilio
empréstimo rapidos
consignado simulador
b blue
simulador credito consignado
simulado brb
picpay agência 0001 endereço