Três músicos escoceses que simplesmente se encantaram com a brasilidade do país — como os inúmeros apelos de “Vem para o Brasil”, feitos via redes sociais — mal pisaram em terras brasileiras e disseram sentir uma aura “diferente”. A banda Young Fathers já amava o Brasil antes mesmo de subir ao palco do C6 Fest, e os brasileiros retribuíram o carinho.
A banda formada por amigos em 2008 é bastante conhecida no Reino Unido devido à aclamação da crítica. Com música inventiva e inspirando-se em diversas fontes, o trio aos poucos conquistou os ouvidos do mundo e chegou pela primeira vez ao Brasil com a força que lhes é peculiar. Do frio da Escócia trouxeram a turnê do elogiado álbum Pesado pesado para uma das últimas apresentações do último dia do festival, dia 19 de maio.
Porém, não foi o calor no Brasil que interessou ao grupo escocês. A relação do país com a música chamou a atenção dos artistas. “A música no Brasil está incorporada à vida. A música no Brasil é tão necessária quanto a comida, a água ou o ar. Você pode ver isso simplesmente andando pela rua”, diz Graham Hastings. “Os bares e restaurantes têm música ao vivo, para que você possa vivenciar todas as delícias da vida em um só momento. Sua barriga está cheia e seus ouvidos felizes, isso é bom para você”, acrescenta Kayus Bankole.
A compreensão da relação deste país com a música surgiu poucas horas depois de pisar no Brasil. No momento da entrevista, os três ainda não estavam no Brasil há um dia inteiro e ainda não haviam subido ao palco para conhecer de fato o público brasileiro. Mesmo assim, entenderam que, aqui, as coisas são diferentes. “O Brasil tem algo que eu senti antes em Nova Orleans. Algo que você não consegue tocar com os dedos, mas assim que chega no lugar você sente e entende o que é”, destaca Alloysious Massaquoi. “Há uma coisa espiritual, no momento em que você entra no país você sente que nunca esteve em um lugar como este”, acrescenta.
Juntos desde 2008 demoraram muito para encontrar fãs brasileiros já que desde o álbum de estreia Morto, lançado em 2014, fazem sucesso no Reino Unido e construíram uma grande carreira internacional desde então. “Já estávamos conversando há algum tempo sobre querer viajar para a América do Sul. As pessoas aqui têm os batimentos cardíacos ligados à música de uma forma muito diferente de outros lugares do mundo”, comenta Bakole.
Um pouco de tudo
Juntos desde os 14 anos, os três vocalistas da banda pensavam que se tocassem pop seriam chamados de boy band. Porém, o que os diferencia no cenário musical é o fato de misturarem tantas referências a ponto de não se enquadrarem em nenhum gênero musical. “Não nos importamos qual é o nosso gênero musical. É uma ideia romântica manter a simplicidade e que as pessoas tenham um ponto de referência para conectar artistas”, critica Bakole. “Para nós, todas essas discussões são questões técnicas. Realmente não importa de onde eu venho, que gênero toco, se sou legal ou se me visto de uma determinada maneira”, acrescenta Hastings.
Eles entendem que, ao não se fecharem em apenas uma direção, poderão encontrar o caminho para todos que desejam explorar. “É na diversidade que reside o nosso solo fértil para a experimentação. Nos permitimos testar, pensar diferente e agir diferente sobre as coisas”, acredita Massaquoi. “Nunca tentamos caber em uma caixa, mas não porque quiséssemos ser contrários. O género também é uma ferramenta poderosa, mas para nós trata-se de gostar do que fazemos”, acrescenta Hastings.
Dessa forma, criaram uma música que tem rap, R&B, rock, alternativo, soul e diversas vertentes do pop, mas foca principalmente na emoção que as músicas transmitem tanto para quem as canta quanto para quem as assiste. “Para nós, o lado humano de tudo isso sempre atraiu mais atenção do que um gênero ou uma forma de fazer as coisas”, explica Hastings. “A sensação de que qualquer pessoa pode compartilhar e se identificar sem a necessidade de palavras. Existe uma linguagem que não precisa de palavras para se comunicar com as pessoas”, continua Bakole. “A música é a linguagem do amor. Comunicamos algo que não se pode descrever, mas que se pode ver e sentir”, finaliza Massaquoi.
Para eles é muito mais viver do que ouvir. É no contato com essa música que você entende o que ela realmente é. “Há muitas dúvidas sobre que tipo de música fazemos e eu digo que se você filmar ou tirar uma foto do que fazemos ao vivo, a música vai fazer sentido. Tem que assistir para entender o sentimento”, afirma Massaquoi.
E a conversa acaba voltando ao Brasil. Um exemplo que deixa claro exatamente a energia que querem transmitir foi vivenciada pelos três enquanto se divertiam na noite anterior ao show que realizaram no dia de encerramento do C6 Fest. “Estávamos em um bar e tocava um grupo de samba, mesmo sem saber as palavras que cantávamos juntos, apenas os sons que entendíamos. Estamos sempre conectados pela arte, somos tudo isso. É profundo, simples e humano”, diz Hastings.
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