O Mercosul está pronto para assinar o acordo com a União Europeia. O anúncio foi feito ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após se reunir na sexta-feira com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, e deixar claro que do lado brasileiro não há obstáculo. A França do presidente Emmanuel Macron é a principal opositora ao acordo, pois os produtores agrícolas do país reconhecem a desvantagem em termos de volume de produção e tecnologia que possuem em relação aos brasileiros.
“Eu disse a Von Der Leyen que depois de todas as negociações que o Brasil fez para mudar o acordo, colocando as coisas que achamos necessárias para colocar e tirando as coisas que achamos necessárias para retirar, o Brasil está pronto para, no momento a União Europeia (UE) quer assinar o acordo Agora, o problema é deles”, frisou o presidente, na coletiva de imprensa em que também comentou o Projeto de Lei 1.904/24.
Lula, porém, reconhece que as eleições que ocorrerão na Europa poderão atrasar ainda mais o fechamento do acordo. Outro ponto problemático para o Mercosul e a UE é o avanço no Parlamento Europeu da extrema direita, ideologicamente contrária à imigração e de regras mais flexíveis para acordos comerciais entre blocos e países.
Flexibilidade
O presidente, porém, afirmou que Macron teria sido mais flexível em relação ao acordo – o presidente francês chegou a afirmar, em março, que seria “uma loucura” celebrar a ligação comercial Mercosul-UE nos seus atuais termos. Ainda segundo Lula, Macron pediu-lhe que aguardasse as novas eleições para a Assembleia Nacional Francesa, convocadas para 9 de junho.
“Volto com otimismo de que nós, do Mercosul, estamos prontos para assinar esse acordo”, disse Lula, acrescentando que, em relação ao país de Macron, obteve “uma parceria muito forte”. “Acho que Brasil e França mudarão o nível de negociação nos próximos anos”, previu.
Pouco antes da coletiva de imprensa, Lula se reuniu com a primeira-ministra da Itália e anfitriã da Cúpula do G7, Giorgia Meloni, e com o chanceler alemão, Olaf Scholz.
“A conversa com a primeira-ministra Giordana Meloni (Lula confundiu o nome do chefe do governo italiano), tentei mostrar a ela a história da relação do Brasil com a Itália e a importância de ela visitar o Brasil e ter contato com os quase 30 milhões de italianos e seus descendentes. São 1.400 empresas, criando mais de 150 mil empregos. Completaremos 150 anos de imigração da Itália”, afirmou.
Em relação a Scholz, Lula convidou o chanceler a fazer parte de uma Aliança Global contra a Fome —iniciativa que faz parte da agenda do presidente à frente do G20. Os dois também discutiram os conflitos em Gaza e na Ucrânia, o acordo Mercosul-UE e a situação política na Europa e na América Latina com o avanço da extrema direita. O líder alemão manifestou solidariedade às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
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