Deputada Carla Zambelli apresentou projeto que beneficia condutores profissionais infratores, comprometendo a segurança no trânsito
Foto: Lula Marques/EBC
Muitos reclamam da suposta “indústria fina” existente no Brasil, que teria fins de arrecadação de recursos para encher os cofres dos governos federal, estaduais e municipais. Por outro lado, o país detém o recorde de mortes em acidentes de trânsito, muitos dos quais causados por motoristas imprudentes. Mas, alheia a tudo isso, a deputada federal Carla Zambelli (PL/SP) apresentou um projeto que sugere aumentar o número de pontos necessários para suspender o direito de dirigir do motorista profissional.
E esse é o tema do Estúdio VRUM desta semana, em que os jornalistas Boris Feldman e Enio Greco comentam mais uma aberração vinda do Congresso Nacional. Enquanto o país se mobiliza para a campanha Maio Amarelo, que visa estimular e promover a paz no trânsito, a deputada Carla Zambelli apresentou o Projeto de Lei (2002/2024), que prevê aumentar o limite para motoristas profissionais com EAR (que exerça trabalho remunerado) quem tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) está suspenso de dirigir.
O mais bizarro é que o projeto do deputado não distingue a gravidade da infração cometida e ainda torna facultativa a participação do condutor infrator no curso de reciclagem preventiva caso atinja 70 pontos em seu cadastro no período de 12 meses. Vale lembrar que esse item é uma exigência do Contran.
Para Boris Feldman, na prática o deputado quer “ganhar a simpatia e os votos de milhares de motoristas profissionais, dificultando a cassação da carta de quem comete infrações de condução”.
Boris Feldman afirma que, ao sugerir esse projeto, o deputado ameaça a segurança da sociedade brasileira. Ele lembra que há alguns anos, o motorista profissional infrator teve a carteira de habilitação suspensa ao atingir 20 pontos no cadastro. No último governo, a pontuação exigida para suspensão da licença aumentou para 40 pontos.
Em sua defesa, a deputada Carla Zambelli afirma que os motoristas profissionais trabalham exaustivamente e, por isso, estão sujeitos a cometer mais infrações. Certamente, a categoria dos motoristas profissionais merece todo o respeito e consideração por ajudar no desenvolvimento do país.
“A deputada Carla Zambelli errou ao propor um projeto que dobra o placar para 80 pontos. Como resultado, em vez da indústria fina, cria-se a indústria da impunidade. Isso é um absurdo!” diz Boris Feldman. Ele acrescenta que a possibilidade de o projeto ser aprovado no Congresso é alta, fato que seria lamentável.
Vale lembrar que o Brasil ocupa o terceiro lugar no trágico ranking de mortes no trânsito (atrás da China e da Índia, que têm mais de um bilhão de habitantes). Ou seja, em vez de se preocupar com a segurança no trânsito, com o objetivo de reduzir o número de acidentes e mortes, a deputada Carla Zambelli vai literalmente na contramão e incentiva a indústria da impunidade.
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