Consolidando-se como principal aposta da direita em 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sabe que precisa se desvencilhar da imagem truculenta de seu padrinho, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para ampliar apoio ao eleitorado centrista. Apesar disso, sua atuação no governo paulista mostra que essa imagem moderada precisa ser mesclada com acenos à base de extrema direita, força que patrocinou sua entrada na política.
Uma das estratégias de Tarcísio para conseguir uma candidatura nacional é construir esta imagem de direita moderada e, para isso, tem procurado com sucesso conquistar o apoio do mercado.
Nessa empreitada, conta com a ajuda de um antigo adversário do bolsonarismo, o ex-governador de São Paulo, João Dória. Questionado pelo Correio, o ex-tucano, hoje sem partido, disse sucintamente que avalia bem o governo do seu sucessor. “Tenho respeito e consideração pelo Tarcísio, entendo que ele vem comandando um bom governo em São Paulo”, disse Dória.
Outro movimento que pôde ser percebido na semana passada foi o jantar que Tarcísio ofereceu ao presidente do Banco Central, Campos Neto. Encontro que contou com a presença de Dória e diversas figuras importantes da política e do mercado financeiro. Com a simpatia do mercado, a cooptação de Campos Neto poderia ser a forma de Tarcísio repetir a fórmula que Bolsonaro usou com Paulo Guedes na economia e se tornar uma alternativa palatável ao mercado e ao liberalismo de direita.
Com um discurso de austeridade fiscal, Tarcísio deixou claro que mesmo na educação é preciso criar novas possibilidades de negócios. O secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, lançou, na semana passada, o edital de licitação para concessão da gestão de escolas públicas à iniciativa privada. Feder, que ocupou no governo do estado do Paraná o mesmo cargo de Ratinho Júnior (PSD), quer replicar o modelo paranaense em que o estado paga uma taxa por cada aluno para que empresas privadas administrem as escolas públicas.
Apesar de agradar o mercado, Tarcísio segue cauteloso e demonstra que só avançará para a disputa nacional depois de consolidar uma posição competitiva para as eleições de 2026, caso contrário, deixa claro que disputará a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes (vade do governo paulista), onde, com a força da máquina governamental, leva vantagem.
Mas a estratégia de esconder o jogo, mesmo de aliados próximos, tem desagradado torcedores considerados moderados. Entre eles o senador piauiense Ciro Nogueira (PP), que foi convidado a desembarcar em São Paulo e formar o núcleo político de Tarcísio, trabalhando para facilitar uma candidatura nacional, mas que ressalta que a falta de um compromisso mais fechado do que o de governador tem sido gerando descontentamento. Ciro chegou a reclamar com interlocutores que não se mudaria para São Paulo e então Tarcísio, em última hora, optou pela reeleição para o Bandeirantes.
Enquanto Tarcísio, na disputa pelo cargo de representante da direita, busca uma aparência moderada, outros políticos da direita democrática, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), têm apostado cada vez mais na radicalização do discurso na tentativa de capturar o eleitorado de extrema direita.
Nessa caminhada na corda bamba, o governador de São Paulo sabe que não pode viabilizá-la renunciando ao apoio ao bolsonarismo radical, mas precisa se expandir para além desse público. Em São Paulo, além do 3º filho do ex-presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), figuras conhecidas como o ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, deputado Ricardo Salles (PL-SP), coordenam o Bolsonaroismo no estado e demonstraram insatisfação com o movimento “Tarcísio Paz e Amor”. Salles chegou a criticar duramente Tarcísio após o governador sinalizar apoio ao projeto de Reforma Tributária. “Se há um lugar no Brasil hoje que não tem um governo de direita, é o governo de São Paulo”, disse Salles aos seus apoiadores.
Outro descontentamento da extrema direita está na base de apoio de Tarcísio, até mesmo o partido do governador, os Republicanos, presidido pelo deputado Marcos Pereira (SP), o PSD de Gilberto Kassab, secretário de Governo, e o PP de Ciro Nogueira, fazem parte do base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E é Kassab, que foi ministro de Dilma Rousseff e Michel Temer e hoje responde como articulador do governo estadual, que atrai as maiores suspeitas do núcleo duro bolsonarista em São Paulo.
Sem esquecer desta base bolsonarista, o governador tem feito cada vez mais declarações de apoio ao ex-presidente e busca cumprir a agenda deste grupo mais radicalizado na segurança pública. Para isso, na Secretaria de Segurança Pública, seguiu a recomendação de Eduardo Bolsonaro e escolheu o ex-policial militar da Rota, grupo de elite da Polícia Militar de São Paulo, Guilherme Derrite (PL). O ex-PM fez declarações no estilo “bandido bom é bandido morto” e, comandando a maior e melhor força policial armada do país, adotou o tom de confronto aberto.
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