Fundamentais para o setor segurador, as reservas técnicas das seguradoras também são importantes para o crescimento econômico do país. Basicamente, esses recursos representam os valores que a seguradora necessita para conseguir cumprir todos os compromissos assumidos com os segurados. A reserva é formada pela simples diferença entre os valores pagos pelo segurado e os custos ou riscos assumidos pela empresa.
Essas reservas são divididas em dois tipos: provisões técnicas baseadas em eventos já ocorridos e aquelas baseadas em eventos futuros. Os primeiros destinam-se a cobrir sinistros já ocorridos, mas que ainda não foram pagos. A segunda garante que haja recursos para reivindicações futuras.
A importância das reservas técnicas para o crescimento económico de um país reside na sua capacidade de contribuir para a estabilidade financeira do país. Ao garantir que as seguradoras possam honrar os seus compromissos, promovem a confiança no mercado, o que é essencial para atrair investimentos, como explica o economista e consultor da GO Associados, Luccas Saqueto.
“Além disso, são investidos em ativos de longo prazo, como títulos públicos e privados, imóveis e outros investimentos que possam gerar renda. Isto contribui para financiar projetos de infraestruturas e outras atividades económicas que impulsionam o desenvolvimento do país”, explica o economista. Por conta disso, se o valor da reserva ficar aquém do ideal, isso poderá levar a empresa a não conseguir cumprir suas obrigações com os segurados, o que poderá até levar à insolvência e à distribuição de lucros indevidos.
Em estudo publicado em dezembro do ano passado, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) estima que o valor das provisões técnicas chegará a R$ 100 bilhões até 2026. Um dos desafios que as seguradoras deverão enfrentar com mais frequência nos próximos anos são os eventos climáticos extremos. condições, o que pode provocar um aumento considerável no valor dos sinistros pagos pelas empresas.
Diante disso, as seguradoras devem se preparar para os chamados ‘eventos de cauda’, que são eventos imprevisíveis que ocorrem com frequência muito baixa, mas que têm grande impacto na vida das pessoas, como explica o mestre em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Murilo Viana.
“Quando temos eventos climáticos extremos, a precisão de olhar para o passado para poder prever o futuro torna-se problemática, porque o que não acontecia com tanta frequência no passado torna-se cada vez mais frequente. Então os modelos utilizados pelas seguradoras para avaliar o risco têm que incorporar esses chamados eventos de cauda”, analisa Viana.
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