Só em abril deste ano, o Brasil importou 40,9 mil carros elétricos e híbridos da China, um aumento de 13 vezes em relação ao mesmo mês do ano passado.
Este aumento fez com que o Brasil ultrapassasse a Bélgica no ranking como principal destino das exportações chinesas de carros elétricos e híbridos. Tornou-se também o segundo maior importador de todos os tipos de automóveis da China, atrás apenas da Rússia.
O aumento exponencial das importações está diretamente relacionado com a retomada do imposto de importação de carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in no Brasil, que entrou em vigor em janeiro deste ano. As alíquotas, que serão aumentadas aos poucos até atingirem 35% em julho de 2026, têm feito com que os vendedores de marcas chinesas aproveitem essa brecha antes que as importações fiquem mais caras.
O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, destacou que a medida de aumento de impostos visa incentivar a instalação de fábricas no país para que ocorra maior desenvolvimento industrial local.
Para facilitar a transição, o governo implementou uma cota de importação isenta de impostos para cada categoria de veículo, que será gradualmente reduzida até 2026. Os caminhões elétricos, por exemplo, já enfrentarão a alíquota máxima de 35% em julho deste ano, refletindo a maturidade do setor no Brasil.
Programa Mover incentiva produção de carros elétricos e híbridos
Em meio a essa reconfiguração do mercado automotivo, o Brasil lançou o programa Mover, focado na descarbonização da indústria automobilística. Aprovado pelo Congresso e aguardando sanção presidencial, o Mover visa contabilizar reduções nas emissões de carbono desde a extração de matéria-prima até o uso de veículos.
O programa oferece incentivos financeiros que variam de R$ 0,50 a R$ 3,20 por real investido em pesquisa, desenvolvimento e produção tecnológica visando a redução das emissões de carbono.
A gigante chinesa BYD já está qualificada para participar do Mover e planeja iniciar a produção em larga escala de carros elétricos no Brasil ainda este ano, na nova fábrica em Camaçari, na Bahia. Antes do aumento da tarifa em julho, a empresa pretende importar mais 100 mil carros.
Outra montadora chinesa, a Great Wall Motors (GWM), também se prepara para iniciar a produção de carros elétricos no segundo semestre na fábrica que antes pertencia à Mercedes-Benz, em Iracemápolis, no interior de São Paulo.
Reações globais e tarifas de importação chinesas
Enquanto o Brasil implementa tarifas de importação abrangentes, os Estados Unidos e a União Europeia adotaram medidas mais específicas contra os carros elétricos chineses. Recentemente, o governo de Joe Biden anunciou que as tarifas para estes veículos aumentarão de 25% para 100%. Em seguida, a União Europeia anunciou tarifas que poderiam chegar a 48%, alegando práticas comerciais desleais e subsídios injustos por parte da China.
A resposta chinesa foi imediata e criticou as medidas, alegando que as conclusões das investigações europeias “carecem de fundamentos factuais e jurídicos” e que as tarifas distorcem as cadeias industriais e de abastecimento globais. Países como a Alemanha e a Suécia, que têm fortes laços comerciais com a China, expressaram preocupações sobre os impactos destas tarifas.
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